Propina de ouro e troca-troca no MEC serão explorados na mobilização contra o governo Bolsonaro

Os movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda e entidades de vários segmentos estão chamando a sociedade para irem às ruas no próximo sábado, 9 de abril, para mais uma manifestação nacional contra o governo do presidente Bolsonaro.

Com o mote “Bolsonaro nunca mais”, os principais temas de reivindicação são o aumento dos combustíveis e do gás, a fome e o desemprego.

Motivado pelos recentes escândalos no Ministério da Educação, a troca de quatro ministro de Estado e o que chama de “descaso do governo com a educação e os estudantes brasileiros”, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, também está convocando toda a comunidade para se manter mobilizada e unida ao movimento.

“Com todos os ataques aos direitos conquistados, a própria democracia brasileira está sob ameaça. Bolsonaro e todo o seu governo não se constrangem em ameaçar o país, a todo momento, com golpes de toda sorte”, afirmou Araújo.

O presidente da CNTE alega que motivos não faltam para a mobilização “Bolsonaro Nunca Mais”. Cita que logo no primeiro ano de governo, o Ministério da Educação anunciou corte para todas as universidades federais brasileiras por, supostamente, promoverem “balbúrdia” e terem baixo desempenho acadêmico.

Já na educação básica, segundo a direção do CNTE, Jair Bolsonaro falhou na garantia de educação para mais de 5 milhões de crianças e adolescentes no país. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a situação é a pior no Brasil em duas décadas.

A entidade relembra que o governo Bolsonaro também editou uma medida provisória para deixar de fornecer internet gratuita às escolas públicas. A MP retirou o prazo para que o governo repasse R$ 3,5 bilhões para garantir acesso a professores e alunos de instituições públicas de ensino básico.

Corte de 87% da verba para ciência

“Esse é o mesmo governo que mandou cortar 87% de verbas para a ciência e tecnologia. Em outubro de 2021, o Ministério da Economia bolsonarista diminuiu de R$ 690 milhões para R$ 89 milhões a complementação de recursos para o setor. Neste mesmo ano de 2021, Bolsonaro publicou uma portaria que zerou o reajuste do piso do magistério daquele ano, algo inédito no país”, diz o manifesto de chamamento à mobilização divulgado pela CNTE.

Para Heleno Araújo, não bastassem os ataques citados, o Ministério da Educação está, atualmente, sem um nome definido para gerir a pasta. Com quatro ministros demitidos, o governo Bolsonaro tem rotatividade recorde no MEC. Desde o início de 2019, já passaram pela pasta Ricardo Vélez Rodríguez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli e Milton Ribeiro: todos envolvidos em escândalos.

A CNTE rememora o caso envolvendo o ex-ministro Milton Ribeiro, que priorizava o atendimento de pedidos de verbas de municípios indicados por pastores evangélicos que pediram propina em ouro para a liberação de verbas no Ministério.

“As manifestações de 9 de abril se voltam contra a piora das condições de vida do povo brasileiro durante o governo Bolsonaro. Por isso, é importante a adesão dos trabalhadores e trabalhadoras em educação nos atos nas ruas e nas redes”, ressalta Heleno Araújo.

Fonte: site Band News