Projeto do CEF 28 de Ceilândia retrata a beleza de estudantes negros

O olhar pelas lentes de uma câmera fotográfica mostra, às vezes, nuances que ao nosso olhar pode passar despercebido. Sob um prisma educativo, essa imagem muitas vezes reflete uma mudança e várias evoluções daqueles(as) que estão sendo fotografados. Desde 2019, o professor Toni Luz, do Centro de Ensino Fundamental 28 de Ceilândia, criou, ao lado da filha, o Projeto Retratos – Um grito por consciência, com o objetivo de trabalhar a autoestima dos(as) estudantes, constantemente agredidos(as) pelo contexto que a maioria está inserida.

Trabalhando o tema Empoderamento, o CEF 28 realizou, no dia 26 de novembro, a 4ª Exposição. A mostra, composta por fotografias em preto e branco, foi produzida no ambiente escolar, com a presença de alunos(as) e profissionais da rede pública de ensino do Distrito Federal. A exposição têm o objetivo de ressaltar a beleza negra, além de evidenciar situações vividas pelos(as) estudantes e pela comunidade escolar, como preconceito, racismo, violência e bullying.

Segundo Toni Luz, a ideia partiu da observação e da escuta de muitos(as) alunos(as). “Nós víamos muitos alunos depressivos, com baixa autoestima e quando vemos isso, incomoda. Convidei minha filha, que é fotógrafa, e começamos o projeto. Fizemos algumas produções, maquiagens e fotografamos vários estudantes. O que era para ser um mural virou uma exposição com desfile e coquetel”, explica o educador.

Com o passar do tempo, o professor ressalta que muitos(as) alunos(as) tiveram uma melhora significativa. “Desde o início do projeto, percebemos uma melhoria na autoestima de muitos estudantes. Eles entendem que aquele momento é deles. Em um dos exemplos, uma menina que era tida como problema mudou da água para o vinho. Está totalmente envolvida com o projeto, sempre solícita, totalmente diferente da forma que era antes do projeto”, comemora.

Ao aumentar a autoestima e a confiança dos(as) estudantes, o projeto foi responsável por fazê-los se sentirem representados. “A escola é localizada numa região que, além de sofrer com a baixa situação socioeconômica, sofre também com a disputa por territórios pelo tráfico de drogas. Diante deste cenário, encontrei alunos que não tinham a menor motivação para estudar, se interessavam pelas atividades extras que eram oferecidas pela escola, mas não pelo conteúdo oficial”, comenta a professora de Geografia do Centro de Ensino Fundamental 35 de Ceilândia, Késia Vieira. O projeto nasceu em 2019, no CEF 35, em um evento de consciência negra chamado “Black Week”, com uma semana de desfiles, oficinas, palestras e atividades para os(as) alunos(as).

O projeto conta com a participação da fotógrafa Amanda Luz.

MATÉRIA EM LIBRAS