Na CLDF, professor apresenta projeto de conscientização desenvolvido no CED Agrourbano Ipê contra o assédio

Em audiência pública na Câmara Legislativa do DF no dia 3 de junho, o professor de história Felipe Lages, do CED Agrourbano Ipê, escola do campo localizada na zona rural do Caub 1,  no Riacho Fundo II, expôs o projeto “Sob a Pele Delas”, idealizado por ele e implementado na própria instituição de ensino, que visa a sensibilização e conscientização a respeito do assédio no meio escolar, dando voz às meninas para que compartilhem suas experiências de forma anônima. Na ocasião, ele e estudantes da escola participaram da audiência pública “Violência virtual contra meninas e mulheres: um perigo invisível no mundo digital”.

“Recebemos um convite para participar da audiência pública na CLDF e eu aproveitei o espaço para falar sobre o projeto e a dificuldade de elaborar e executar os mesmos sendo professor temporário, pois não há continuidade no trabalho”, diz o professor.

Primeiramente, a escola foi representada pelo estudante Arthur Fonseca, do 3º ano do Ensino Médio, que ressaltou a importância do respeito às mulheres nas redes sociais e como a sociedade se organiza de forma a ensinar seus sujeitos a desvalorizarem e cometerem violências contra elas, principalmente na internet. Em seguida, o professor Felipe apresentou o projeto, a metodologia, seu desenvolvimento e o desejo de expansão, apesar da falta de estrutura e fomento por parte do governo Ibaneis.

O projeto

“Sob a Pele Delas” nasceu “após uma aluna me relatar um assédio que aconteceu dentro de sala por um colega e eu perceber que alguns meninos não tinham ideia do que era assédio e nem pareciam se importar muito, então minha ideia foi tentar colocar eles ‘Sob a Pele Delas’, que é justamente o nome do projeto, afirma o educador.

Participaram estudantes de 13 a 18 anos, dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, recrutados(as) de forma voluntária.

Primeiramente, usou-se vídeos e documentários, além de uma aula dialogada, para conscientizar e informar os(as) estudantes sobre o que poderia ser configurado como assédio.

Em seguida, foi disponibilizado um QR Code para que as estudantes do sexo feminino pudessem relatar situações de assédio que já tivessem experienciado, de forma totalmente anônima. A seguir, realizou-se a confecção de um vídeo-documentário, já publicado no perfil do Instagram da escola, em que os estudantes do sexo masculino foram solicitados a ler os relatos registrados e expor como se sentiram depois dessa leitura.

O projeto, que durou cerca de um mês e meio, resulta em um empoderamento para as meninas e mulheres, mostrando que violências do tipo devem ser denunciadas, além de educar os homens sobre o assunto, prevenindo o assédio.

Felipe percebeu a mudança. “Tanto na postura dos meninos e também das meninas. Elas se sentem menos inseguras e mais confiantes para denunciarem, a impressão que eu tive foi que elas perceberam que não estão sozinhas. Já os meninos estão se policiando mais para não cometer assédios e eles mesmo se cobram, os alunos que participaram do documentário ficaram extremamente impactados com os relatos que partiram de suas próprias colegas, senti que ficaram mais alertas ao problema”.

O professor anseia que o projeto cresça. “ Acho importante dizer que ele precisa de continuidade e expansão, infelizmente apenas 3 turmas participaram diretamente no documentário e o ideal seria que todos os meninos participassem. Minha ideia, caso eu fique até o fim do ano, é expandir o projeto no segundo semestre e seria interessante se eu tivesse mais suporte e ajuda, pois fazer tudo sozinho me deixa sobrecarregado, para expandir eu precisarei de apoio”.

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