Professores reafirmam unidade de classe contra a truculência
A chuva que caiu na manhã desta terça-feira não impediu centenas de professores de comparecerem ao ato de protesto convocado pela CUT, CNTE e Sinpro.
A manifestação – em frente à Câmara Legislativa -, objetivou repudiar a truculência e a violência da Polícia Militar e do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que, na quarta-feira passada feriu diversos professores e professoras que realizavam protesto em Curitiba.
Para a diretoria do Sinpro, o ato de hoje é uma reação esperada, uma reação de indignação, não só dos trabalhadores em Educação, mas da classe trabalhadora do Brasil diante do ocorrido em Curitiba. O que houve foi de um absoluto autoritarismo e truculência, um absurdo em pleno século XXI.
“Os professores e professoras do Distrito Federal não poderiam ter um comportamento diferente desse. Ontem a categoria se vestiu de preto, em uma mobilização que repercutiu imensamente, com grande adesão. Ontem e hoje foram demonstrações de unidade de classe. Isso é o que temos que tirar como lição. O atentado que sofreram os nossos colegas de Magistério paranaenses foi como se tivesse sido contra cada um de nós. Tenho certeza de que cada um que está hoje aqui, e se manifestou ontem também, está com esse sentimento. A dor e a luta dos professores do Paraná são de cada um de nós”, destacou a diretora Rosilene Corrêa.
Os diretores do Sindicato enfatizaram que “lá houve violência física, mas todos os dias a Educação sofre algum tipo de violência. No Distrito Federal nós estamos vivendo uma situação difícil também, de atentado aos direitos dos educadores, de autoritarismo e de imposição, a exemplo do PL da Mordaça – promovido pela deputada distrital Sandra Faraj (SD-Solidariedade) – e da Circular nº 11 da secretaria da Educação – que impede servidores de divulgarem “informações, áudios, imagens das unidades educacionais, de documentos e alunos” sem autorização prévia. Mas a categoria saberá dar a resposta, não permitindo nenhum retrocesso”.
O professor Jesualdo, do CEF 31 de Ceilândia, destacou que o protesto vai além da Educação. “Nosso repúdio e indignação é também pelo que estão passando outras categorias, partindo de leis impostas garganta abaixo por Câmaras Legislativas retrógradas, contrárias aos interesses dos trabalhadores como coletivo. No nosso caso específico, o professor está perdendo o respeito dentro da escola e fora da sala de aula. Por isso temos que ocupar as ruas para assegurar os nossos direitos, conquistados com muita luta”, disse.
Aluno de doutorado em Educação na UnB, o ex-professor da rede pública do Paraná Edeli José Polita se disse feliz em estar participando do ato e com a solidariedade dos docentes do DF em relação aos paranaenses. “Da mesma forma, me coloco junto à luta dos professores daqui, pois considero que a Educação rima muito mais com política do que com cassetete ou mordaça”.
“A CUT Brasília está aqui junto com os professores lutando contra todo tipo de repressão que possa vir contra os trabalhadores, seja pela Câmara Legislativa, seja pelo Executivo local. É uma luta que vamos vencer”, destacou o secretário de Formação da Central, Rodrigo Rodrigues.
Falando em nome da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o secretário de Funcionários, Edmílson Lamparina, lembrou o cenário de ataques à Educação e aos trabalhadores em todo o país. “Os educadores estão em greve em sete estados; já foram 10 neste primeiro trimestre. Em São Paulo, o governo finge não haver greve com 100 mil trabalhadores nas ruas. No Paraná houve esse massacre na semana passada. Achamos que tudo isso é uma ação orquestrada pelos governos reacionários no sentido de retirar direitos e não cumprir a lei, como no caso, por exemplo, do não pagamento do reajuste do Piso Salarial Nacional do Magistério”.
Em sua fala, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, frisou que a violência do governador Beto Richa contra os professores do Paraná e a violência aqui no DF, amordaçando a categoria, não podem ser vistas de maneira isolada. “O fato é que o Brasil vive um momento de alta temeridade à democracia. A pauta que está sendo colocada é muito mais conservadora do que antes. Há um ataque aos direitos das mulheres, das crianças, aos de toda e qualquer minoria, é uma intolerância ao contraditório. Lutamos contra uma direita raivosa que determinou uma agenda conservadora e que faz com que o Brasil volte ao estado pré-getuliano na questão dos trabalhadores. O ambiente é de retrocesso. Por isso mesmo, a CUT está chamando uma grande paralisação nacional no dia 29 de maio, contra o PL 4.330 [o PL da Escravidão], contra as medidas próvisórias 664 e 665, rumo à greve geral dos trabalhadores”. Segundo Freitas, é preciso inverter essa pauta, essa agenda conservadora, com a massa de trabalhadores e trabalhadoras ocupando as ruas.
Paralelamente ao ato em Brasília, os diretores do Sinpro Cláudio Antunes, Cléber Ribeiro, Manoel e Meg acompanharam as atividades no Paraná, participando do Ato em Desagravo à Violência sofrida pelos professores daquele estado. Eles levaram a solidariedade dos professores do DF e deram informes do ato em frente à Câmara Legislativa.
Agora à tarde, os professores do Paraná, reunidos em assembleia, decidiram pela manutenção da greve.