Professores devem ter papel ativo no combate à violência contra as mulheres, dentro e fora da sala de aula

Professoras e orientadoras educacionais são maioria nas escolas públicas do DF. Consequentemente, este é também ambiente de trabalho com altos índices de violência contra as mulheres. Neste cenário, professores e orientadores educacionais devem assumir um papel ativo para mudar essa realidade.

O diretor do Sinpro Cléber Soares lembra que no dia 6 de dezembro, Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, é realizada a Campanha Laço Branco. “É um momento em que os homens se manifestam contra qualquer tipo de violência contra as mulheres. Entretanto, a nossa participação nessa luta deve ser todos os dias. Esse é um dever nosso. Os homens devem fazer parte da solução desse problema, e não serem agentes do problema”, afirma.

 

 

São várias as formas de colaboração dos homens no combate à violência contra as mulheres. Para Samuel Fernandes, que também compõe a direção do Sinpro, “é possível fortalecer essa luta de maneiras simples”. “Sabe aquele grupo dos amigos? Então, quando rolar aquela ‘piadinha’ machista, é importante a gente se manifestar. Quando uma professora for interrompida em sua fala por um colega nosso, é importante a gente se manifestar. Quando um pai for agressivo com uma colega nossa, é importante a gente se manifestar. Violência não é só bater na mulher. Gritar, menosprezar, inferiorizar, difamar, objetificar também são tipos de violência”, esclarece.

A cultura machista adoece, machuca e mata as mulheres. Essa mesma cultura atinge também os próprios homens. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2023, a expectativa de vida das mulheres era de 75,8 anos, enquanto a dos homens era de 70,5 anos. Entre os fatores do tempo reduzido de vida, a recusa de procura por médicos para a realização de exames preventivos e o uso excessivo de álcool, duas ações comuns no mundo dos “homens-macho”.

“Não se pode negar que o homem tem uma posição privilegiada no sistema machista: ele é o opressor. Mas, ao mesmo tempo, ele também é atingido. Então, a gente tem que ter firmeza ao encampar campanhas como a do fim da violência contra mulheres. Quando a gente se manifesta diante de uma ‘piadinha’ machista, é comum que outros homens nos contestem, tentem banalizar a nossa fala. E esse mesmo comportamento pode acontecer também diante de casos em que a violência chegou ao último estágio. Não nos enganemos, esse questionamento do porquê estamos nos manifestando – como se estivéssemos traindo um grupo – acontece também dentro do ambiente escolar. Mas essa tentativa de ‘exclusão’ não é nada diante da vida das mulheres. Nosso silêncio também pode matar. Então o nosso dever é denunciar o caso de violência e, ao mesmo tempo, fortalecer o discurso pela vida e a segurança das mulheres”, analisa o diretor do Sinpro Raimundo Kamir.

A escola é espaço-chave para expandir a luta em combate à violência contra a mulher, segundo Rodrigo Teixeira. “A gente não tem que esperar que as professoras organizem uma atividade para tratar da violência contra as mulheres. Nós, os homens, também temos que propor o debate, inclusive de forma transversal. Para muitos estudantes, o professor é referência de vida. Que essa referência seja ativa na luta em defesa das mulheres”, orienta.

“A luta feminista não tem nada a ver com ódio aos homens. Ao contrário, precisamos dos homens juntos nessa batalha para que, de fato, haja uma mudança sistêmica”, ressalta a diretora do Sinpro Mônica Caldeira.

Laço Branco

A Campanha do Laço Branco, realizada no dia 6 de dezembro, Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, faz referência ao massacre realizado em 1989, na Escola Politécnica de Montreal, no Canadá, quando um homem assassinou 14 mulheres. A partir de então, os homens começaram a se mobilizar e a usar um laço branco como forma de demonstrar repúdio aos atos de violência contra a mulher.

A Campanha do Laço Branco compõe os 21 dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. No Brasil, as ações são realizadas de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

 

 

 

 

 

 

MATÉRIAS EM LIBRAS