Professores cumprem carga horária. Governo não cumpre o dever de casa

Em matéria veiculada recentemente no Correio Braziliense, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) fundamenta que prejuízos a estudantes e ao governo do DF ocorrem pela falta de cumprimento de carga horária contratual de professores. O Sinpro reafirma que a categoria cumpre com todas as suas obrigações contratuais e que o relatório do Tribunal de Contas é extremamente tendencioso para outra prática do atual governo, que é o de responsabilizar os professores por todas as mazelas da educação, que de fato é decorrente da falta de gestão pública.
Nos próximos dias a Secretaria de Educação do DF começará a atualizar um sistema de controle eletrônico de modulação de carga horária, que visa modernizar a gestão de pessoas. Mas quando o TCDF aponta que só 19% dos professores cumpre a carga horária, o dado é tão absurdo que não conseguimos perceber qual a metodologia utilizada, uma vez que temos quase 40% da rede constituída por classes em que a turma só tem um professor (disciplina Atividades), ou seja, quando este tipo de turma não tem aula, o professor está tirando alguma licença legal, prevista em lei. Portanto, o Estado é responsável pela sua substituição. A mesma lógica é aplicada para todas as disciplinas.
Há hoje, estabelecido nos órgãos governamentais, de fiscalização e tribunais uma linha preconceituosa contra os professores, visto que os problemas da má administração dos recursos públicos têm sido atribuídos ao próprio professor. Um exemplo disto é a matéria publicada pelo Correio no dia 31 de janeiro, onde se deu destaque para a fala do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, onde afirma que “professores ganham mal, mas tem uma quantidade de férias tão grande ou maior que procuradores e juízes. Faz parte dos pacotes de cada carreira”.
O presidente da ANPR fez este comentário para tentar justificar os altos salários que os juízes têm em função da responsabilidade que os mesmos possuem.
Para a Diretoria Colegiada do Sinpro, a comparação feita pelo presidente do órgão foi muito infeliz, uma vez que ressalta o preconceito de várias carreiras em relação à desvalorização do magistério, tentando naturalizar o pouco investimento na carreira magistério e a falta de investimento na qualidade de ensino.