Professoras vendem artesanato para salvar a vida de cãezinhos

Minhonzinho, Loli, Lolô, Mulatinho, Borboleta e Verinha. Esses seis cachorrinhos têm em comum o trauma do abandono. Mas também trazem consigo a alegria do encontro com protetoras que se desdobram em mil para assegurar que suas vidas sejam preservadas com qualidade e dignidade.

Minhonzinho, Loli, Lolô, Mulatinho e Borboleta foram resgatados pelas professoras aposentadas e protetoras Izabela Cintra e Ana Cláudia Corrêa. Eles têm sequelas de leishmaniose e cinomose, além de incontinência urinária. A chance de adoção desses animais, devido ao quadro de saúde, é praticamente zero. Por isso, foram levados a um lar temporário pago, custeado por Izabela e Ana Cláudia.

“De hospedagem, cada animal tem o custo de R$ 300 por mês, ou seja, são R$ 1.500 a cada 30 dias. Além disso, ainda temos que pagar R$ 1.200 de ração. Chegamos a ter ajuda de algumas pessoas, mas não é nada que chegue perto de custear integralmente esses gastos”, conta a professora Izabela Cintra.

Verinha não foi para o lar temporário. Encontrada em um canil clandestino, ela tem como tutora professora Izabela. Mas assim como os outros cãezinhos, Verinha tem problemas severos de saúde que geram um gasto alto.

“Verinha tem 8 anos, incontinência urinária e, há dois anos, foi diagnosticada com câncer. Eu troco a fralda dela de quatro a cinco vezes por dia. Ela chegou a fazer cirurgia, mas houve recidiva. Para ter qualidade de vida, ela faz tratamento medicamentoso. Até agora, já foram mais de R$ 4 mil. Além disso, por causa do estado de saúde, Verinha só come na seringa, e aí são R$ 30 por dia para pagar o suplemento”, diz a professora Izabela.

Para conseguir fechar a conta no fim do mês, Izabela e Ana Cláudia usam da criatividade. As duas arregaçaram as mangas começaram a confeccionar imãs de geladeira e ecobags. Os imãs são de biscuit e trazem personalidades como, por exemplo, Frida Kahlo. As ecobags são feitas com sacolas de ração. Os itens são feitos completamente à mão e podem ser adquiridos em local a ser combinado ou no 1º Piquenique dos Aposentados e das Aposentadas com Feira Cultura, agendado para 16 de setembro.

>> Leia também: 1º PIQUENIQUE DOS APOSENTADOS E DAS APOSENTADAS COM FEIRA CULTURAL

 

“Minha vida mudou”
Professora Izabela é protetora há 12 anos. O primeiro cão resgatado foi um Shih Tzu encontrado em uma caixa de isopor, completamente ferido. De lá pra cá, Izabela já perdeu as contas de quantos cães e gatos já tirou das ruas do dos maus-tratos.

Um dos principais problemas apontados pela professora e protetora é a ausência de políticas governamentais para o segmento. “Não existem iniciativas por parte de governo nenhum que ajude os protetores. Além disso, os aparelhos públicos que existem voltados para animais têm uma demanda imensa e nunca são completamente gratuitos. Para uma castração em um lugar desses, por exemplo, o tutor precisa pagar pelo menos R$ 50 de exame e R$ 50 de medicação. Isso é muito para quem, muitas vezes, não tem nem o dinheiro do ônibus”, denuncia.

Além da ausência de políticas públicas para o amparo de animais abandonados, ainda há a análise questionável da polícia e da Justiça em casos de resgate. “Meu primeiro processo foi quando eu resgatei um pitbull. O pitbull estava com 12 quilos. Normalmente, um cachorro desses tem 60 quilos. Quando vi isso, eu pulei o muro da casa, peguei o cachorro, levei para a clínica. Fui para a delegacia. Chegando lá, fiquei lá 4 horas, e o autor saiu em 45 minutos. E quem respondeu processo fui eu. Não tem problema. Hoje é um cão feliz e bem adotado”, fala Izabela sem arrependimento.

Felizmente, Izabela conta que existem bons corações em seu caminho. “Temos algumas clínicas veterinárias que nos ajudam e algumas pessoas também que colaboram.”

A correria, a preocupação e o alto gasto se tornam insignificantes diante do amor que Izabela e Ana Cláudia têm pelos animais que resgatam. “Esses animais significam tudo para mim”, diz Izabela com a voz embargada, e continua: “Hoje eu gosto muito mais de bicho do que de gente. A Verinha e todos os outros animais que resgatei me transformaram em uma pessoa melhor. Ter um animal especial te ensina a ter mais empatia, mais solidariedade, mais amor ao próximo”.

Maltratar e abandonar é crime
Segundo levantamento feito pela Confederação Brasileira de Proteção Animal, em 2021, o DF registrou cerca de 700 mil animais abandonados. No Brasil, em 2022, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existiam cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas: 10 milhões são gatos e 20 milhões, cães.

Desde 1998 a Lei Federal 9.605/98 entende o abandono de animais como crime. Em 2020, com a aprovação da Lei Federal 14.064/20, garantiu-se o aumento da pena de maus-tratos com reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda, quando se tratar de cão ou gato.

A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) define que, para o bem-estar dos animais, devem ser mantidas cinco liberdades: livre de fome e sede; livre de desconforto; livre de dor; livre de lesões e doenças; livre para expressar seu comportamento natural; livre de medo e estresse.

Colabore
Os imãs vendidos pelas professoras custam R$ 25 cada. Interessados podem encomendar a confecção de uma figura ou personagem preferido. Já as ecobags custam R$ 12.

As vendas podem ser combinadas pelo WhatsApp 61 9992195191

Quem quiser colaborar com a causa também pode depositar qualquer quantia no PIX 61 9992195191 (Izabela Cintra).

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