Professora Tameme se despede e deixa lições eternas

Professora Maria Tameme Soares fará uma falta imensa. No fim da noite dessa quarta-feira (10/4), ela se despediu dos familiares e dos amigos, após lutar contra um câncer. Se o momento é de tristeza, é também de reflexão sobre as lições que ela ensinou.

Aos 18 anos Tameme já era a professora Tameme. Foi neste espaço onde futuros se constroem que ela iniciou a jornada de uma vida inteira de sonhos e lutas.

Filiada ao Sinpro desde 1980, professora Tameme foi uma das fundadoras do sindicato que representa a categoria do magistério público. Esteve presente em mesas de negociação, assembleias, manifestações, atos; mesmo depois de se aposentar.

“Tameme era uma militante de esquerda, uma pessoa combativa, que acreditava no que fazia, acreditava no trabalho como professora, acreditava na transformação da sociedade através da sala de aula. Mais do que uma militante, era uma sonhadora, mas sonhava com o pé no chão. Ela não se entregava. Uma pessoa excepcional, insubstituível”, conta o professor Márcio Baiocchi Fracari, que foi companheiro de Tameme por 12 anos. Segundo ele, Tameme, “que ainda no movimento estudantil combateu a ditadura militar de ‘peito aberto’”, não tinha inimigos, pois “sempre soube fazer a disputa política com seriedade, sem golpe baixo e trabalhando por aquilo que acreditava”.

Rejane Pitanga, professora aposentada da rede pública de ensino do DF e também fundadora do Sinpro, conheceu Tameme na primeira greve da categoria do magistério público, em 1979. Para ela, a despedida da professora é “uma perda grande para todos nós”. “Ela deixa o exemplo da combatividade, do compromisso, da resistência”, diz.

Professora Lúcia Carvalho conta que a atuação de professora Tameme abraçava causas que transpunham fronteiras geográficas. Amigas de luta há 40 anos, Lúcia lembra com carinho e orgulho da participação de Tameme não só em defesa de uma educação pública de qualidade, mas por um mundo mais justo. “A última vez que nos vimos foi em uma atividade em homenagem à Cuba. Ela era extremamente esclarecida sobre a realidade internacional. Um exemplo de mulher. Calma, serena; mas uma rocha”, conta professora Lúcia com admiração.

Professora Tameme (camiseta lilás) no ato em defesa de Cuba

Emocionada, a professora aposentada Ines Bettoni fala da dificuldade de não ter mais por perto a amiga de mais de quatro décadas, com quem dividiu coisas boas e também as difíceis. “Íntegra, solidaria. Nunca soube de alguém que não a quisesse: ela era unanimidade. Tameme sempre renunciou a benefícios individuais pela luta coletiva”, declara.

O Sinpro se solidariza com familiares e amigos da professora Tameme. Desejamos força para que a saudade que aperta o peito seja amenizada pelo tempo-rei, que mostra com majestade que nada do que realmente importa se vai completamente.

Professora Tameme, presente!

*Professora Tameme será cremada. A cerimônia será neste sábado (13/4), no Jardim Metropolitano – Valparaíso (GO), das 14h às 16h. O velório 8.