Professora lança livro sobre dificuldades vivenciadas na escola pública

A professora aposentada Maria Solange Melo de Souza lançou, nessa quarta-feira (24), o livro “A escola e seus jovens – lugar de controvérsias e perspectivas”. Na obra, ela “dialoga” com vários autores, como, por exemplo, Han (2015); Santos (1994; 2013; 2014); Arendt (2016) e Debord (2013), e, nesse diálogo, a instituição de ensino é apresentada a partir da identificação de uma comunidade escolar da Região Administrativa de Taguatinga, no Distrito Federal.

 

O livro analisa as dificuldades vivenciadas na escola pública decorrentes das controvérsias relacionadas aos elementos que constituem o processo educacional quer seja de ordem política, institucional, social ou emocional e que interferem na aprendizagem dos estudantes ou impactam na saúde dos professores.

 

Mesmo diante do descrédito de parte da sociedade, da desvalorização do trabalho docente pelo poder público, esses professores superam as adversidades e, por amor à docência, nunca desistem, a isso damos o nome de “identidade profissional”. Ao tratar das perspectivas, o livro descreve a condução do trabalho pedagógico, tendo como prioridade o protagonismo juvenil e a busca pela qualidade do ensino.

 

“Este livro é fruto da minha dissertação de mestrado, feita entre os anos 2018 e 19, na Universidade de Brasília. Trabalhei 25 anos no magistério na escola pública e privada. E quem trabalha em sala de aula fica indignado com tantos ataques que a escola pública sofre no cotidiano, nas mídias, que fazem um retrato muito triste da escola pública e eu queria provar que isso que a mídia fala não é verdade”, informa.

 

Maria Solange escolheu uma escola pública de Taguatinga, na qual atuou como professora e supervisora pedagógicas durante 10 anos. “E nessa escola a gente percebe como a escola pode sofrer ataques e como pode mostrar suas potencialidades. Neste livro eu não condeno A, B ou C, mas eu mostro que, por exemplo, no Distrito Federal, somos região privilegiada porque temos políticas públicas que colaboram para a qualidade do ensino público, tais como a gestão democrática, as coordenações pedagógicas, são tempos e espaços que facilitam nosso trabalho pedagógico”, afirma.

 

No entanto, segundo ela não deixa de ser também um trabalho árduo. “Ao mesmo tempo que mostro a existência dessas políticas públicas no DF, e comparo com o restante do Brasil, eu também falo que falta verbas dentro das escolas, o que compromete o trabalho pedagógico dos professores e da escola como um todo. Mas, mesmo assim, os professores superam essas adversidades. E de que maneira? É neste ponto que mostro as perspectivas quando se realizam trabalhos pedagógicos, quando o professor tira dinheiro do próprio bolso para mostrar tudo isso, etc.”

 

O resultado da pesquisa mostra que a escola promove ações com o objetivo de atender as expectativas dos alunos, e também que a crise na educação pode ser superada no ambiente escolar quando se considera as particularidades e as individualidades que caracterizam as escolas públicas. Atualmente, ela está no doutorado e conta que, além dos 10 anos de magistério público, trabalhou cerca de 13 anos em escolas privadas e, conhecendo as duas realidades, pode fazer uma comparação.

 

“Constatei, por exemplo, que essa imagem da escola pública construída pela mídia e governos é uma grande falácia que compromete a qualidade do ensino. Neste livro falo da minha experiência tanto na rede pública como na rede particular enquanto professora, vice-diretora, supervisora pedagógica e coordenadora, funções que executou durante os 25 anos de magistério”, declara.

 

Aposentada da Secretaria de Educação do DF, ela hoje é pesquisadora da UnB e também trabalha com formação de professores no projeto Universidade Aberta do Brasil da UnB (UAB/UnB), atuando como professora, supervisora e tutora da UnB na UAB. Desde 2017, quando aposentou e ingressou no mestrado da UnB, ela tem publicado vários artigos científicos, até mesmo fora do País.

 

Publicou um livro sobre escola pública fora do Brasil, no qual relata a realidade do bullying e da escola pública. Nessa obra, ela faz um raio-X de uma escola da Cidade Estrutural e mostra a interseccionalidade das várias formas de preconceitos que os(as) estudantes sofrem lá.

 

“Mostro, por exemplo, a escola pública que tem a questão da pobreza, da mulher que assume uma família sem ter condições, muitas vezes, o marido abandona ou se perde na violência. Mostro como as crianças e adolescentes de lá sofrem preconceitos e que por falta de escola na Estrutural eles e elas têm de ir para outras regiões, como Cruzeiro e Guará, e, nessas cidades, sofrem muito preconceitos”, relata.

 

A professora tem artigos científicos sobre o Currículo em Movimento e projetos pedagógico. “Meu foco é mostrar a realidade da escola pública. Brevemente será publicado um e-book meu em parceria com a professora Maria Luiza Pelluzo, pela UnB, e com outra colega do doutorado sobre Brasília”, explica.

 

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