Professora Holanda: 84 anos de resistência

Nem todo mundo tem o privilégio de completar 84 anos. Mesmo quem chega lá, é raridade que tenha uma história de quase oito décadas e meia semelhante a de dona Maria Holanda Lopes Carvalho. Não só porque cada um neste mundo tem uma trajetória própria, cheia de aventuras e desventuras. Mas porque em tempos de desconhecimento do que é consciência de classe, a história de vida de dona Holanda traz a urgência de ser conhecida.

Nascida no Ceará e criada na Paraíba, Maria Holanda chegou ao Distrito Federal em 1975, em busca de melhores condições de vida, como muitos dos seus conterrâneos. Chegou à capital desempregada, mas não recuou. Construiu a vida como professora. Não qualquer professora. Holanda é daquelas que os ex-alunos param na rua para trocar de novo os abraços e as ideias compartilhadas em sala de aula. Conhecida e merecidamente prestigiada pela comunidade, recebeu o título de Cidadã Honorária de Taguatinga, em 2011, e de Brasília, em 2013.

“Se eu nascesse outra vez, seria professora”, disse a professora ao Sinpro. Ela ama a profissão; não há outro verbo que possa traduzir a relação entre Holanda e a educação. Foi o que a motivou a integrar o movimento sindical e a se consolidar, como pouquíssimos(as), como uma verdadeira líder.

Holanda sabia como ninguém se reconhecer em sua categoria e, sobretudo, lutar por ela. Em cima do carro de som ou na multidão, segurando cartazes e recitando versos, ela instigava quem quer que fosse a perceber criticamente o sistema que vivemos e poder ter a coragem e a consciência necessárias para enfrenta-lo. Se nós, professores e professoras, orientadores e orientadoras educacionais das escolas públicas do DF, persistimos na luta hoje, devemos também à professora Holanda.

Neste 9 de fevereiro, Maria Holanda completa 84 anos, firme como sempre, ainda que em um leito de UTI. Ela é força. Ela é inspiração. Ela é luta!

Parabéns, professora Holanda. Desejamos uma recuperação breve e saúde sempre!

Diretoria colegiada do Sinpro-DF