“Professor na rua, Serra a culpa é sua”

Os professores das escolas públicas de São Paulo estão em greve há uma semana e até o momento o Sindicato da categoria (Apeoesp) não foi chamado para negociar. A única declaração feita pelo governador José Serra é que a greve é política (como se toda greve não fosse política!) e que cortará o ponto dos grevistas. Além disso sua segurança agiu com truculência ao tentar reprimir na quarta-feira, 17, uma manifestação durante a inauguração de uma escola em Francisco Morato, na Grande São Paulo.

Os cerca de 50 manifestantes chegaram à Etec (escola técnica) aproximadamente uma hora e meia antes de Serra. Impedidos de entrar, eles gritaram palavras de ordem quando o carro do governador chegou e parou dentro da escola.

Enquanto Serra fazia um discurso em que pregava a “libertação pela sala de aula”, cinco manifestantes que conseguiram entrar na escola o interromperam aos gritos de “o professor na rua, Serra a culpa é sua”. Houve tumulto na saída do carro oficial. Ao tentarem estender uma faixa no momento em que Serra saía, foram reprimidos com violência por seguranças do governador.

Nesta sexta, 19, a Apeoesp realiza assembleia na av. Paulista para decidir se os professores continuarão ou não a greve. O principal pedido dos grevistas é um reajuste salarial de 34, 3%. Segundo o sindicato, a tendência é que a greve continue. “A Secretaria [da Educação] não nos recebeu para discutirmos a questão salarial. Ontem [anteontem] voltamos a pedir audiência, mas não tivemos resposta”, disse à Folha Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp.

O governo de São Paulo diz que apenas 1% dos professores aderiram à greve. O sindicato nega e afirma que 60% dos professores participam da paralisação no Estado.

Não é à toa que o ensino público de São Paulo é um dos piores do país. Tratando com tanto desrespeito os educadores, o governo Serra não podia apresentar outro resultado.