Privatização dos Correios é mais uma violência contra o patrimônio público brasileiro

No dia 5 de agosto, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base que permite a privatização dos Correios (PL 591/2020). Agora, a matéria segue para o Senado. É imprescindível que a luta contra a privatização se amplie e se fortaleça para barrar a entrega desse patrimônio do povo brasileiro para o setor privado – que, como todos sabemos, abocanha bens estatais para gerar lucros privados, e não garante nem a qualidade do serviço nem o benefício público.

A proposta foi apresentada pelo poder executivo e tramitou em regime de urgência. A pressa não é por acaso: a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) enche de cifrões os olhos de grandes empresários e multinacionais, por se tratar de uma empresa altamente lucrativa. Trata-se de uma estrutura bilionária pronta, com acesso a todos os municípios deste país continental.

Empresa fundamental para o Brasil

A malha alcançada pelos Correios ao longo de uma história que tem origem em 1663 não encontra paralelo em nenhuma outra empresa brasileira. Essa característica também faz dele um personagem fundamental das políticas públicas, afinal, depende dos Correios a distribuição, por todo o território nacional, de livros didáticos, provas do Enem, vacinas, medicamentos, urnas eletrônicas, entre outros. Além disso, os Correios também atuam como correspondentes bancários e, claro, realizam com sucesso seu serviço mais conhecido: entrega de encomendas e correspondências.

São os Correios que melhor atendem às pequenas e médias empresas, e oferecem serviço postal universal como direito de toda cidadã e cidadão brasileiro, conforme a Constituição Federal assegura. Trata-se de uma das maiores empresas postais do mundo, já muito premiada, e que cumpre o fabuloso número de meio bilhão de entregas de objetos postais em média mensal, sendo 25 milhões de encomendas.

A estrutura da empresa conta com mais de 25 mil veículos, 1.500 linhas terrestres e 11 linhas aéreas em operação de norte a sul no Brasil. São quase 100 mil trabalhadores, que correm sério risco de ficarem desamparados e perderem direitos com a privatização.

Interesses em jogo

Na sessão que aprovou o PL 591/2020, parlamentares contrários à privatização alertaram que o mercado de comércio eletrônico no Brasil é o que está na mira, pois apresenta imenso potencial de crescimento. Vale destacar que o lucro dos Correios em 2020 foi de R$ 1,5 bilhão.

É por isso que já é possível observar o grande interesse de empresas como o argentino Mercado Livre; as estadunidenses Amazon, DHL e FedEx; a chinesa Alibaba; e a brasileira Americanas. Aqui, é interessante reportar que, no ranking das empresas que mais recebem reclamações elaborado pelo Procon-SP, os Correios aparecem apenas em 32º lugar, enquanto Mercado Livre e Americanas, por exemplo, aparecem, respectivamente, em 8º e 9º lugares.

Para o Sinpro, os motivos para a privatização dos Correios estão somente nos interesses dos grandes capitalistas. Quem tem em mente o benefício da população brasileira, sabe que abrir mão desse patrimônio significa uma grande violência contra o nosso patrimônio público.

 
 

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