Presidente da Câmara anuncia para outubro votação sobre fim do Fator Previdenciário
O presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-RS) anunciou em reunião com lideranças cutistas em seu gabinete na quarta-feira (5), Dia de Mobilização Nacional da CUT, que o fim do Fator Previdenciário, mecanismo de arrocho das aposentadorias instituído pelo desgoverno FHC, irá finalmente à votação no mês de outubro.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, lembrou que além de lutar pelo fim do famigerado fator, a Central tem pontos essenciais para serem destravados urgentemente pelo Legislativo. “Não aceitamos o aumento da idade mínima para a aposentadoria e questionamos a política de desoneração da contribuição patronal na folha de pagamentos, por não garantir o equilíbrio da Previdência Pública e Solidária e não exigir contrapartidas, metas de geração de emprego e não demissão dos trabalhadores”, explicou.
Vagner apresentou ao presidente da Câmara o conjunto da pauta da CUT, das quais também faz parte a destinação de 10% do PIB para a educação; a regulamentação da negociação coletiva no serviço público; o combate à precarização; a defesa da reforma agrária e do trabalho decente.
Marco Maia lembrou que 2012 foi um ano em que a pauta na Câmara registrou alguns avanços, citando nominalmente a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Trabalho Escravo – que contou com forte oposição da bancada ruralista -, destacando a importância da atuação dos movimentos sociais para garantir sua efetivação.
Vagner ressaltou que negociação e mobilização são duas faces da mesma moeda e que, pela riqueza de sua história e trajetória de compromisso com a classe trabalhadora e o Brasil, a CUT se mantém unida e mobilizada para aprofundar as mudanças. “Apresentamos as nossas reivindicações e vamos cada vez mais colocar o bloco na rua para garantir direitos e ampliar conquistas”, enfatizou.
REUNIÃO COM O LÍDER DA BANCADA DO PT
A reunião com o líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), foi coordenada por Douglas Izzo, vice-presidente estadual da CUT-São Paulo e dirigente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Esclarecendo cada um dos pontos da pauta, Douglas sublinhou a importância da aprovação dos 10% do PIB para a educação e falou da necessidade de que ela venha a ser efetivamente implementada por estados e municípios.
O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), Vicente Almeida, alertou para as ameaças que pairam de privatização da Embrapa a partir de um projeto do senador Delcidio Amaral (PT-MS), “que está na Comissão Mista de Economia”.
Há uma necessidade da Embrapa, “como empresa pública, estar vinculada ao interesse público e não ao agronegócio”. “O projeto de Delcidio abre o capital da Embrapa para a venda de ações, o que representaria a consolidação dos interesses das grandes empresas privadas na elaboração, no controle e direcionamento da política agropecuária”, disse. “São R$ 170 milhões em pesquisa dos quais apenas 4% vai para a agricultura familiar, que é responsável por 70% do que o brasileiro come”, frisou Vicente. Esta falta de sintonia, avalia o dirigente do Sinpaf, explica as práticas antissindicais pela qual a Embrapa foi denunciada pela CUT e pelo Sindicato à OIT pelo desrespeito à Convenção 98.
A secretária de Formação da CUT-SP, Telma Victor, também dirigente da Apeoesp, e o secretário de Administração e Finanças da CUT-SP e dirigente do Sindicato dos Químicos, Renato Zulato também defenderam a regulamentação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que dispõe sobre a negociação coletiva no serviço público. “Nós apoiamos a presidenta Dilma e o projeto democrático-popular, mas é completamente inaceitável um Decreto como o 7777, que visa restringir o direito de greve a partir da substituição dos grevistas”, declarou Telma.
O documento apresentado pela CUT ao presidente da Câmara e a várias lideranças partidárias apresenta as seguintes reivindicações:
10% do PIB para a educação – A CUT reivindica que 10% do PIB sejam destinados à educação e a aprovação do Plano Nacional da Educação, bem como a aplicação imediata, no âmbito de Estados e Municípios, da Lei de Piso do Magistério.
Fim do fator previdenciário e não ao aumento da idade mínima- A CUT exige o fim do fator previdenciário e não aceita o aumento da idade mínima para a aposentadoria. Questiona a política de desoneração da contribuição patronal na folha de pagamentos, por não garantir o equilíbrio da Previdência Pública e Solidária e não exigir contrapartidas, metas de geração de emprego e não demissão dos trabalhadores.
Regulamentação da negociação coletiva no serviço público- A CUT considera o Decreto 7.777 um atentado ao direito de greve e sua aplicação por parte do governo uma flagrante conduta antissindical. Exige sua imediata revogação. Reivindica a regulamentação da negociação coletiva no serviço público e da Convenção 151 da OIT.
Agenda do trabalho decente – A CUT demanda ao Parlamento a inclusão da Agenda do Trabalho Decente em sua pauta de debates. Reivindica a aprovação, em regime de urgência, da convenção 158 da OIT; reivindica ainda medidas que inibam a precarização das relações de trabalho, a aprovação da PEC 57/99, da PEC 231/95 que reduz a jornada de trabalho para 40 horas, a isenção do imposto de renda sobre a PLR, a aprovação do PL de Igualdade entre homens e mulheres no trabalho (PL 4857/2009) e a equiparação dos trabalhadores (as) domésticos (as) aos demais trabalhadores (as).
Terceirização -A CUT se posiciona contra a aprovação do substitutivo ao PL 4330, de autoria do Deputado Roberto Santiago e em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça. Cobra a sua rejeição por parte dos parlamentares. Ao mesmo tempo, aguarda um posicionamento firme do Governo Federal em defesa da valorização do trabalho, colocando em tramitação o Projeto de Lei construído pelas Centrais Sindicais junto com o Ministério do Trabalho e Emprego.
Reforma agrária -A CUT demanda do governo brasileiro uma ação mais consequente em relação à Reforma Agrária. Exige a punição severa daqueles que praticam a violência contra os trabalhadores, o fim do trabalho escravo e do trabalho infantil, o limite do tamanho da propriedade fundiária, maior agilidade nos processos de desapropriação de grandes propriedades improdutivas e o avanço de políticas públicas para fortalecer a agricultura familiar. Escrito por: Leonardo Severo, de Brasília