Pais, mães e responsáveis expressam preocupação com retorno 100% presencial

Pais, mães e avós de alunos da EC 419 de Samambaia Norte estão profundamente preocupados com a determinação do GDF pelo retorno 100% presencial às escolas. Na escola, a maior parte dos responsáveis afirma ainda não se sentir segura para enviar as crianças à escola todos os dias.

A professora percebe essa insegurança: “Os pais estão resistindo, não estão tranquilos de mandar seus filhos”, relata. “Hoje mesmo, de 28 crianças matriculadas compareceram, apenas 15”, completa.

A preocupação principal, evidente, é a saúde de toda a família. Lindete Rodrigues, por exemplo, diz que seu filho tem facilidade para ficar doente, então, enquanto não se sentir segura, ela avalia manter a matrícula da criança somente para o ano que vem.

Muitas famílias têm pessoas idosas em casa, como lembra Alberto Leandro: “Fico preocupado de meu filho se contaminar, passar pra mim, passar pra minha mãe, que é uma senhora de idade avançada”, diz ele. É o caso também de Antônia Gomes Feitosa, cujo neto está frequentando a escola: “As famílias têm gestantes em casa, têm pessoas idosas, como eu tenho minha mãe”, ela conta.

Para Antônia, o retorno 100% presencial é precipitado e desnecessário. “As crianças conhecem o risco, mas criança é criança! Numa sala com 28 crianças, quando uma espirra, todas ficam gripadas”, ela pondera. “E são 28 crianças para uma só professora ensinar, cuidar, fiscalizar… É difícil!”, completa. Alessandra Barbosa, mãe de um aluno da mesma turma, concorda: “Para o adulto, muitas vezes, já é difícil de entender, de aceitar, imagine para uma criança”.

As limitações na estrutura são um obstáculo importante para a segurança da comunidade escolar. “As condições são as mesmas, a estrutura, que sempre foi insuficiente, é a mesma… As necessidades continuam as mesmas de sempre, nada mudou, mesmo com a pandemia”, aponta Antônia. A senhora Nelsa, que é bisavó de uma aluna, também lamenta a falta de estrutura: “Nem lanche tem para as crianças”. Poliana Gomes reforça essa percepção: “O governo não garantiu a estrutura necessária”.

Todos apontam que o ideal seria fechar o ano, que já está no final, no formato híbrido que estava se desenvolvendo, e se preparar para retornar 100% presencialmente somente em 2022. “Tudo que é feito de forma precipitada pode trazer consequências negativas depois”, diz Alessandra Barbosa. Alberto Leandro concorda: “O sistema híbrido estava atendendo bem a este momento”, diz ele.

Enquanto não houver aprovação pela Anvisa de imunizantes a serem aplicados em crianças menores de 12 anos, a solução para essa faixa etária é assegurar o distanciamento social, o uso de máscaras e a ventilação dos ambientes. Cláudio Antunes, diretor do Sinpro, enfatiza a importância de se garantirem as condições adequadas para o funcionamento das escolas num momento em que a pandemia ainda não acabou: “Tantos estudantes juntos em espaços sem ventilação, sem capacidade para assegurar o distanciamento sanitário exigido, é, no mínimo, irresponsável”, diz ele. “A gravidade aumenta porque quando mais da metade das escolas da rede pública do DF recebe um contingente imenso de crianças abaixo de 12 anos, para as quais ainda não há vacina”, conclui.