Paulo Freire e a luta por uma educação pública de qualidade e um país soberano

(*) Por Raimundo Kamir

Se estivesse vivo, o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, faria 102 anos no dia 19 de setembro de 2023. A data de nascimento de Freire, reconhecido mundialmente como um dos maiores e mais profundos educadores do planeta, tornou-se momento importante para a reflexão sobre a importância e a necessidade de defendermos a educação pública, gratuita, democrática, popular, laica, inclusiva e de qualidade socialmente referenciada para o Brasil conseguir ser uma nação desenvolvida e soberana.

O legado de Paulo Freire é imenso e, entre o espólio de seu aporte literário, destaco a defesa da educação como um ato político e transformador, capaz de empoderar as pessoas e promover um modelo de sociedade livre de opressões. Quando pensamos a escola brasileira a partir de uma perspectiva freiriana, entendemos que é preciso existirem condições de vida e de trabalho favoráveis aos(às) educadoras(es), estudantes e trabalhadoras(es) da educação a promoverem as práticas pedagógicas com mais autonomia.

O problema é que, quando o neoliberalismo ataca a educação, como um todo, como aconteceu recentemente no Brasil, durante os governos federais entre 2016 e 2022, dificulta e, muitas vezes, impedem a construção do “ser mais” de Paulo Freire, limitando e impedindo, como está acontecendo, atualmente, no Estado de São Paulo, o desenvolvimento de uma educação voltada para capacitar as pessoas para a cidadania e a construir seres humanos sujeitos(as) críticos(as) que possam desfrutar de uma cidadania plena.

O movimento dos professores(as) e orientadores(as) educacionais e seus sindicatos no País afora, com seu papel fundamental na luta em defesa dos direitos dos(as) trabalhadores(as) da educação por condições mais adequadas de trabalho e valorização profissional, corrobora a ampliação das condições materiais que vão ao encontro de uma prática pedagógica crítica e emancipadora. Esse compromisso com a luta em defesa do legado de Paulo Freire é de extrema importância para a garantia de uma educação pública de qualidade socialmente referenciada, democrática e inclusiva.

O fomento às formações sindicais na educação visa a fortalecer a ideia de uma educação como práxis emancipadora, contribuindo para a construção de uma consciência crítica para o enfrentamento das desigualdades presentes no sistema educacional. Esse processo só é possível quando todos(as) os(as) atores(as) da escola e ao redor dela estiverem construindo, como sujeitos e sujeitas, essa ruptura com o modelo de sociedade que produz e reproduz a lógica da miséria, da desigualdade social, do machismo, do racismo, da LGBTfobia, dentre outras opressões estruturais.

Nesta comemoração dos 102 anos de natalício do Patrono da Educação Brasileira, seus ensinamentos nos trazem reflexões preciosas para um período de reconstrução do País, que estamos vivendo agora, e para o fortalecimento da luta pela Educação libertadora. A conjuntura atual abre mais espaços para proposições que defendem a educação pública, contudo, isso não significa que a luta deve enfraquecer. O momento é de propor e de disputar um modelo de educação pública e gratuita, construído e forjado para transformar o mundo em um lugar mais justo, solidário e amoroso e nosso país em uma nação soberana.
Viva Paulo Freire!

(*) Raimundo Kamir é diretor do Sinpro-DF e professor de Artes na rede pública de ensino do Distrito Federal.

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