Parlamentares, especialistas e sindicalistas criticam desmonte da Petrobras

A entrega das refinarias da Petrobras ao mercado estrangeiro foi duramente criticada em audiência pública realizada pelas comissões de Trabalho e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, na terça (4). A Federação Única dos Petroleiros (FUP) participou do debate e ressaltou a importância estratégica do refino de petróleo para o país e para a estatal.
O deputado federal Bohn Gass (PT-RS), um dos autores do pedido do debate, destacou que o discurso da privatização contém três falácias.
“A primeira lorota é de que privatizando vai angariar recursos para o Estado. Mentira. Porque vendem a preço de banana, não tem nenhum recurso que viria para o tal do caixa. O segundo embuste das privatizações é quanto à sua eficiência. Imagina a empresa privada falando da Petrobras que é uma empresa pública que foi premiada no mundo porque foi a maior, por exemplo, de prospecção no fundo do mar. E terceiro grande engodo: os preços para o consumidor vão ser menores”, observou.
Em julho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar que barrou a venda parcial de quatro refinarias da Petrobras que estava sendo encaminhada pelo governo de Michel temer.
Sobre a venda de ativos, o representante da Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, informou que a empresa espera receber cerca de US$ 21 bilhões entre 2018 e 2022. Porém, para ele, esse valor é pequeno, considerando a capacidade da companhia de gerar recursos e manter o seu patrimônio.
Siqueira criticou também o projeto de lei em tramitação no Senado (PLC 78/18), já aprovado na Câmara, que permite a venda de parte dos direitos da Petrobras no pré-sal, conhecida como cessão onerosa, equivalente a 3,5 bilhões de barris. Com a venda da cessão onerosa, a participação da Petrobras no pré-sal, que já foi de 60%, cairia dos atuais 48% para 28%.
Por fim, o diretor da FUP Dary Beck apontou que é preciso pensar estrategicamente no melhor para o país. “Temos controle e gestão sobre o preço. Podemos efetivamente alavancar a economia do nosso país controlando esse preço. Mas estão querendo entregar isso para monopólio privados de empresas estrangeiras, submetendo, assim, nosso povo e nossas riquezas à exploração”, avaliou.
Fonte: CUT Brasília com informações da Agência Câmara e FUP