Para especialistas, a escola pode virar o jogo contra a violência
Iniciativas de prevenção contra situações de violência nas escolas podem ser construídas pelos próprios educadores, com o apoio de uma rede intersetorial. Foi essa a proposta trazida por especialistas que debateram o tema durante seminário realizado pelo MEC, na manhã de quarta-feira (31).
Para o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), Vitor Amorim, a definição de políticas antiviolência deve acontecer em regime de colaboração.
“Uma das coisas que me perguntam é: por que esses atos estão acontecendo nas escolas? Seria surpreendente se, em um país que vem aumentando a utilização de armas e os discursos de ódio, as escolas não vivenciassem nenhuma situação desta natureza”, analisou.
Mas acrescenta que a escola é um espaço propício para virar o jogo: “não são outras lideranças que farão a definição dessas políticas. Somos nós mesmos”.
Izolda Cela, Secretária Executiva do Ministério da Educação, presente no Seminário, considera que a boa convivência é um objetivo a ser buscado pelos diferentes atores no ambiente escolar e ela deve ser pensada como parte do direito à educação.
“Quando há desunião, os conflitos acontecem acima da média, a energia se dispersa e a escola não tem potência para cumprir o seu propósito. Aprender a saber conviver também deve ser parte do nosso currículo”, afirmou.
Para a representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Josevanda Franco, a sociedade tem que reconhecer que a violência é parte do contexto social, e não apenas da escola.
Ela trouxe um dado positivo do seu Estado, Sergipe, em que práticas restaurativas reduziram casos de violência em 72%.
“Precisamos entender que a escola nossa geração não existe mais. Contra a violência, é importante praticar a escuta qualificada, ouvir a criança, o adolescente, o professor”, orientou.
AÇÃO CONJUNTA
No dia da abertura do Seminário, o ministro da Educação, Camilo Santana, propôs que ministérios e secretarias possam trabalhar de forma integrada para coibir a violência.
“As ações devem envolver o esporte, a cultura, a saúde, a educação, a formação, a captação, e um olhar cuidadoso para nossas crianças, jovens, professores e gestores”, disse. Santana também defendeu que o projeto de lei das fake news seja aprovado.
A Secretária de Finanças da CNTE, Rosilene Corrêa, que mediou um dos painéis do Seminário, diz que o evento mostra que há um forte movimento para mudar a realidade das escolas.
“O encontro faz parte de uma das ações desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), instituído pelo presidente Lula como estratégia de prevenção e enfrentamento da violência nas escolas. Até o fim de junho, vamos entregar um relatório ao ministro da Educação, que vai embasar a construção de políticas públicas”, disse.
DENUNCIE
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil, tem um canal exclusivo para receber informações de ameaças e ataques contra as escolas. Veja o link: https://www.gov.br/mj/pt-br/canais-de-denuncias/escolasegura
Além disso, desde abril, o serviço Disque 100 está recebendo esse tipo de denúncia sob anonimato. Texto, áudio, fotos ou outros arquivos sobre possíveis ataques podem ser enviados para o WhatsApp (61) 99611-0100.
Fonte: CNTE