Os jornais brasileiros e o abuso econômico do empresariado

Na manhã desta terça-feira (29), os jornais impressos da imprensa comercial amanheceram o anúncio de um golpe de Estado. Um anúncio de um quarto de página, ocupando 14 páginas dos maiores jornais, pedia o impeachment da presidenta da República, Dilma Rousseff, assinado por dezenas de empresários e entidades patronais. Muitos deles são famosos por não pagarem direitos trabalhistas. Contumazes infratores da legislação com largo uso de mão de obra escrava. Conhecidos por desviarem dinheiro público, por infringirem desavergonhada e acintosamente as leis trabalhistas, ambientais e os direitos sociais.

Eles se organizam para construírem o impeachment da presidenta Dilma e, ao mesmo tempo, para impedir avanços das conquistas da classe trabalhadora assalariada. Eles não respeitam nada nem ninguém. Se respeitassem, não iriam financiar um golpe de Estado por meio do impedimento de uma presidenta eleita de forma legítima, numa eleição comprovadamente limpa, que não está sendo questionada em nenhuma instância. Não há nenhum questionamento de fraude na eleição de 2014. Esse processo foi auditado pelo PSDB que teve de concordar que não houve fraude.

Se os patrões estão se organizando para destruir o governo que interessa à maior parte da população, cabe ao trabalhador se perguntar a que, de fato, os patrões são contra. Eles são contra os direitos trabalhistas, sociais e a uma redistribuição de renda que torne o Brasil mais justo. Também são contra as riquezas da Nação estarem a serviço do povo. Não basta, para eles, financiarem os parlamentares que estão no Congresso Nacional elaborando leis contra os direitos adquiridos, eles querem mais.

Eles querem eliminar a Carteira de Trabalho assinada com todos os direitos trabalhistas assegurados, o seguro desemprego, o INSS, a previdência social, a aposentadoria, o salário mínimo reajustado acima da inflação, as férias, a jornada de trabalho regulamentada. Querem acabar, definitivamente, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e com a Justiça do Trabalho. Fabricaram uma crise política artificial para negociarem nossas riquezas minerais, como o pré-sal e nossa água, às multinacionais.

Quem eles querem colocar lá no Palácio do Planalto está indo para fazer o quê?

Está indo para assegurar a apropriação indevida, ilegal e imoral de nossas riquezas minerais para colocá-las a serviço deles, basta ver o PL 131/15 de autoria de José Serra (PSDB). Querem o dinheiro público, fruto de nossos impostos, totalmente drenado para suas contas particulares. Basta ver a emenda ao PL 4.330/04 aprovada na semana passada, 22 de março, que terceiriza todo o serviço público. A emenda destrói a Constituição Federal e o direito do povo a ter serviços públicos de qualidade. Eles querem tudo e mais um pouco.

Para isso, criam, por meio da mídia, uma crise fictícia e insufla o ódio na população. Ameaçam. Amedrontam. Demonizam pessoas honestas. Por que nos momentos de crise são justamente os direitos dos trabalhadores que são questionados? Aliás, as crises econômicas sempre são criadas pelos patrões para obterem esse tipo de quebra na ordem jurídica trabalhista. Essa crise financeira, que é real, que está no mundo desde 2008, tem gerado mesmo a instabilidade. Contudo, será que este é o melhor momento para a classe trabalhadora ter um governo de patrões que estão querendo extinguir direitos?

Eles usam o poder econômico, como hoje, para pôr anúncios caríssimos nos principais jornais do país. Não podemos aceitar este golpe! Vamos todos e todas mostrar a nossa força, que a nossa Constituição não será usurpada e nossas riquezas não serão entregues! Vamos para a rua mostrar que no Brasil não haverá golpe! Dia 31 de março: todos e todas na rua!