O Enem e a abstenção recorde de 71,3% no 2º dia da prova digital

O segundo dia de provas digitais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve abstenção recorde de 71,3%, segundo informou o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) na noite deste domingo (7). “O Enem está se tornando um instrumento do governo Jair Bolsonaro de sucateamento e privatização da educação pública”, denuncia a diretoria colegiada do Sinpro-DF.

Ao todo, 26.709 alunos realizaram a avaliação e 66.370 inscritos não compareceram. O mesmo ocorreu no segundo dia de prova da versão impressa do Enem 2020, realizado no dia 24/1/2021: teve uma abstenção de 55,3%, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela aplicação do exame.

O número de abstenção registrado no domingo (7/2/2021) superou o do primeiro dia de aplicação de prova, quando 68,1% dos inscritos não compareceram para fazer a avaliação. E mesmo assim Alexandre Lopes, presidente do Inep, considerou o resultado do Enem Digital satisfatório, tendo em vista que é um projeto-piloto.

“Como era nossa primeira aplicação, estamos satisfeitos com o resultado, porque conseguimos entregar o que propusemos, a participação no impresso, e digitação é opção do participante. A nossa parte é garantir que as pessoas que queiram fazer a prova façam a prova e, se tiver algum problema, é conseguir fazer a reaplicação”, disse.

O Enem sempre foi uma ação questionada pelos movimentos docente e estudantil. No governo Bolsonaro, os problemas inerentes a esse exame sobressaíram. Essa forçação de barra para realizar, de qualquer jeito, durante a pandemia da Covid-19, provas presenciais sem nenhuma política de combate à pandemia é a prova de que há interesses privados na realização dessas provas.

O intuito do governo federal de implantar mudanças no modelo adotado para aplicação do Enem no Brasil foi conduzido pela má-gestão. Desde o início da pandemia, o Sinpro-DF se posicionou contra a aglomeração de estudantes e defendeu o adiamento do Enem. Não deu outra, a aplicação das provas neste início de ano foi repleta de problemas logísticos e falhas técnicas.

O sindicato tem denunciado vários problemas. Um deles é o fato de a tecnologia adotada pelo Ministério da Educação (MEC) não ter sido suficiente para atender às várias cidades onde o exame é realizado. Além das falhas escandalosas na logística e na comunicação, candidatos do Distrito Federal e de outros estados foram surpreendidos ao saber que havia erros no sistema de provas.

ABSTENÇÃO
Em janeiro, dos mais de 5,5 milhões de inscritos, apenas 2.470.396 compareceram. A versão impressa, aplicada nos dias 17 e 24 de janeiro deste ano, teve abstenção considerada um recorde histórico: mais de metade dos cerca de 5,5 milhões de inscritos (55,3%) não compareceu ao exame.

A versão digital acompanhou a tendência da versão impressa. No primeiro dia de provas, 31 de janeiro, o próprio Inep revelou uma abstenção de 68% entre os 96 mil candidatos confirmados na versão impressa do exame. ) No segundo dia de provas, no domingo (7/2), a abstenção bateu todos recordes: 71,3%, segundo informou o Inep.

No entendimento da diretoria do sindicato, O Enem 2020 tem deixado um rastro de prejuízos incalculáveis para a educação e para os estudantes, que, por meio do exame, conseguem o ingresso ao ensino superior. Desde sua criação, em 1988, a edição de 2020 foi a que registrou o maior índice de abstenção. A metodologia adotada pelo governo Bolsonaro e sua política genocida de não controlar a pandemia do novo coronavírus estão expulsando, cada vez mais profundamente, estudantes da escola pública do direito de acessar a universidade.

O governo federal colocou o Enem, um dos maiores portais de ingresso ao ensino superior, em risco. A falta de investimento na educação básica e superior, por causa da Emenda Constitucional nº 95, de 2016, e o aprofundamento dela com a política econômica do ministro Paulo Guedes, na Pasta da Economia, deixa claro que o objetivo é sucatear e estrangular o Sistema Público de Educação até transformar esse direito fundamental em artigo de luxo e objeto de lucro das empresas privadas de educação. O Sinpro-DF alerta que essas mudanças impostas pelo governo Jair Bolsonaro na educação e, agora, com a reforma administrativa, a carreira do magistério público está ameaçada.