O crime ambiental de Brumadinho/MG escancara o mal da política desenfreada de privatização, que causa concentração de renda, agride o meio ambiente e ceifa vidas humanas

Assim como toda sociedade brasileira, os/as educadores/as de todo o Brasil também estamos consternados com o crime ambiental cometido, mais uma vez, contra o povo de Minas Gerais. Um crime que não se circunscreve somente ao povo mineiro, mas que afeta toda a humanidade porque a nossa Terra Mãe, que a todos abriga, foi agredida dessa forma vil que estamos a assistir pelas imagens repercutidas desde Brumadinho. A repercussão do caso estampa manchetes de jornais, produz coberturas ostensivas do nosso telejornalismo e mobiliza a Internet e as redes sociais. Mas algumas questões devem ser explicitadas nesse caso, para além da abordagem que a nossa grande mídia tem dado ao caso.

Em primeiro lugar, é fundamental que todos tenhamos clareza de como denominar mais esse ataque brutal à mãe natureza: não se trata de uma simples tragédia ambiental ou mero acidente, como a cobertura dos grandes jornais brasileiros estão a fazer. O que vimos acontecer em Brumadinho nessa semana que se passou foi um crime ambiental gravíssimo! E ao reconhecermos como crime, e não como uma tragédia ou acidente, temos a obrigação política e moral de indicarmos o criminoso por trás do crime. É isso que a imprensa não quer mostrar desde o outro crime cometido pela mesma empresa, em novembro de 2015, até hoje impune e com sequelas irreparáveis para toda a região do Rio Doce. A impunidade, como todos sabemos, é o melhor incentivo para a perpetuação do crime. Quantas outras barragens serão rompidas, rios mortos e vidas ceifadas precisaremos ter ainda? E a mais cristalina verdade indica a todos que a punição não acontece porque envolve uma grande empresa, como o é a Vale.

Outra questão que não pode ser subestimada nesse crime ambiental, e que também é negligenciada em toda essa cobertura sensacionalista que estamos tendo sobre o caso, é a sua motivação. Quando a Vale do Rio Doce foi criada por Getúlio Vargas, em 1942, a ideia era que essa empresa, junto com outras que estavam também sendo criadas naquele período, formasse um complexo industrial no país que o ajudasse a modernizar a sua economia. Em 1997, já gigante, a Vale do Rio Doce foi privatizada, com financiamento subsidiado pelo governo brasileiro (o que significa na prática que toda a sociedade do país ajudou a entregar esse patrimônio em mãos privadas). Essa privatização trouxe consigo, como o é natural, a ganância do lucro acima de qualquer outro valor, seja ambiental ou pela vida humana. Foi a ganância pelo lucro que motivou e fez, agora, romper aquela barragem de Brumadinho. Tudo isso junto com um setor da nossa economia totalmente desregulado porque capitulado por esses grandes interesses.

O lucro de uns poucos não pode nunca se sobrepor a vidas humanas e ao cuidado com o nosso meio ambiente. Exigimos a apuração e a punição aos responsáveis por mais esse crime perpetrado contra toda a humanidade e contra, em especial, ao povo mineiro de Brumadinho. Nos solidarizamos de forma veemente com as vítimas desse crime. Denunciaremos, sem descanso, o crime de lesa pátria que esse governo tenta impor ao povo brasileiro, com sua obsessão em privatizar nossas riquezas naturais, como se pretende fazer agora com o nosso petróleo e energia. O lucro dos gananciosos não soube lidar com o minério de ferro e não saberá também lidar com o petróleo e nossa energia elétrica!