O 1º de Maio frente a Pandemia do Novo Coronavírus e a luta da classe trabalhadora para sua superação

“Na atividade revolucionária, a mudança de si mesmo coincide com as transformações das condições”.

(K. Marx e Engels, A ideologia alemã, 1985)

Neste 1º de Maio de 2020, dia do trabalhador e da trabalhadora, o planeta Terra vive uma pandemia e, para o enfrentamento desta crise sanitária e ecológica, cerca de 3 bilhões de pessoas estão em casa, no chamado isolamento social. Nós precisamos nos perguntar: o quê nos levou àessa pandemia?

A sociabilidade vigente é o Capitalismo[1], nela tivemos e temos a escravidão por meio do comércio do povo africano e dos povos originários; as guerras mundiais; a exploração da força de trabalho humano com vistas a acumulação de riquezas por poucas pessoas; excedente de produção nunca visto na história como aprofundamento da fome; uma grande exclusão social e tecnológico gerando situações precárias de vida; o intenso uso dos recursos naturais com uma enorme destruição dos habitats naturais e a extinção de espécies; e 40 anos de Neoliberalismo. Esta sociabilidade nos trouxe aqui, à esta pandemia.

Uma pandemia que está sendo terrível para a vida de trabalhadores e trabalhadoras de todo planeta, muitos estão morrendo por falta de assistência médica a doença e pelo agravamento da fome.Porém, o Novo Coronavírus esta causando também um enorme abalo estrutural no Capitalismo, pela falta de produção e de consumo forçados pelo isolamento social de trabalhadores. Com isto, a Pandemia reafirma nossa força revolucionária e a possibilidade de construirmos uma nova sociabilidade. Uma sociabilidade socialista que contenha a democracia, justiça social, equidade, inclusão, sustentabilidade e a liberdade.

No capitalismo, nós não temos liberdade. Trabalhamos como condenados, sem podermos ter a casa própria, nem nos locomover nas cidades como gostaríamos. Por mais que trabalhemos e produzimos muitos produtos, nossos salários são pequenos,se comparados a nossa produção,e a nossa capacidade de consumo está cada vez mais restrita à sobrevivência. Desta forma, o dinheiro que recebemos não nos dá a liberdade de escolhermos a vida que queremos e merecemos.O dinheiro se tornou o ente mais importante desta sociabilidade e o humano se tornou descartável.

Para mudar isto, é necessário que fundemos uma nova sociabilidade, em que todos e todas possam trabalhar com prazer, ter dignidade e não serem explorados. A mudança precisa passar pela derrubada dos pilares desta exploração com concentração de renda e, neste momento, precisamos aliar isto a luta contra a pandemia, pela vida. Para tanto, derrubar a EC 95/2016, a lei do teto de gastos que tira cerca de R$20 bilhões por ano da saúde e da educação e, ao mesmo tempo, é necessário taxar as grandes fortunas dos nossos exploradores e que não pagam os devidos impostos. Junto a isto, temosque exigir a saída do governo Bolsonaro e o fim das demais políticas capitalistas que estão também nos matando.

O governo Bolsonaro é o representante do capitalismo e o principal empecilho para vencermos a Pandemia. Este governo afirma que não tem dinheiro para o trabalhador e a trabalhadora, que não pode pagar uma renda mínima para ficarmos em casa em segurança e que não tem verbas para a melhoria do Sistema Único de Saúde, de forma a salvar nossas vidas nesta pandemia. Isto é mentira, maldade!

Para ilustrar esta maldade histórica, devemos recordar que a construção de Brasília custou 10% do PIB, ou seja, toda riqueza que trabalhadores e trabalhadoras do país produziram, naquela época. Os donos do capitale seus representantes tambémafirmavam que o povo que construiu esta capital não cabia neste projeto. Eles construíram tudo e não tinham direito a nada. Mas, o povo trabalhador candango, brasiliense resistiu, lutou, construiu nossos alicerces e continua a construir Brasília até hoje.

Essa resistência e luta esteve muito presente junto aos trabalhadores e as trabalhadoras que construíram a barragem do Lago Paranoá. Eles viviam acampados no lugar que é o atual parque vivencial do Paranoáe o governo quis tira-los de lá no término da construção. O governo não conseguiu, pois a LUTA os garantiu um lugar para morar, viver e construir suas vidas, e assim foi construída a naRegião Administrativa do Paranoá.

Nesta disputa pelo território e pelo direito à moradia, as mulheres do Paranoá foram o principal elemento na resistência que enfrentou a polícia deste Estado que tenta, a todo o momento, nos expulsar das cidades, não nos deixar ir e vir dos centros urbanos, pelos altos preços das passagens, e tenta tomar as nossas vidas de nós.

A superação desta barbárie, da exploração de trabalhadores, da negação do direito à cidade,à moradia e à mobilidade urbana exige a construção de uma nova sociedade, no pós-pandemia, que precisa começar a ser materializada, produzida por nós, hoje, na LUTA! Para isto, precisamos também ampliar nossa organização de bairro, comunitária, estudantil, trabalhadora, nas florestas, no campo e na cidade. Na luta contra a pandemia, a solidariedade de classe é nossa outra tarefa, comprar de agricultores familiares, buscar a agroecologia, adquirir somente o necessário e compartilhar o necessário com o nosso próximo.

Na construção dessa nova sociedade, o capitalismo e a pandemia vão deixar também um rastro de fome, por isso, precisamos retomar os “Comitês Contra a Fome, a Miséria e pela Vida” em cada comunidade, defender a Democracia e exigir a participação popular nas decisões governamentais, queremos mais Democracia! Por fim, reafirmamos que a centralidade deve serdefender a Vida e retomar o sentido de comunidade e, hoje, este sentido se faz no pensamento “A minha casa é a minha praça”.

FORA BOLSONARO!

PELA SUSTENTABILIDADE, PELO DIREITO À CIDADE, PELO FIM DO CAPITALISMO!

[1] “O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência.” (MARX, Karl. Contribuição a crítica da economia política. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 47)

Escrito por: Henrique Rodrigues Torres -Secretário de Meio Ambiente da CUT/Brasília, Melquisedek Aguiar Garcia Diretor de Assuntos Jurídicos, Trabalhistas e Socioeconômicos do SINPRO-DF