Números mostram que resultados positivos da vacinação já podem ser sentidos no Brasil

Em todo o mundo, os números têm mostrado, inequivocamente, que a vacinação é o instrumento fundamental para a superação da pandemia da Covid-19. Mesmo no Brasil, onde a vacinação começou mais tarde do que poderia ter sido e se desenvolveu de forma lenta, os números já demonstram que ela é decisiva para conter o avanço da doença, resguardar o sistema de saúde e salvar vidas.

As cidades de Serrana e Botucatu, no interior de São Paulo, foram palco de estudo da eficácia das vacinas Coronavac e AstraZeneca, respectivamente. Os estudos se basearam na vacinação em massa das populações, e os resultados não deixam dúvidas.

Em Serrana, os casos sintomáticos de Covid-19 caíram 80%, as internações, 86%, e as mortes, 95%, após a conclusão da vacinação de toda a população maior de idade com as duas doses de Coronavac. Além disso, outra das conclusões da pesquisa é de que crianças e adolescentes, que não foram imunizados, também se beneficiaram do processo. Quando se contém a circulação do vírus, o benefício é coletivo, o que reforça que a vacinação é uma medida de saúde pública, e não apenas individual.

Em Botucatu, onde a população recebeu a primeira dose de AstraZeneca, a queda no registro de novos casos já foi de 71,3%. As internações caíram 46%. Lá, o público-alvo da vacinação em massa são pessoas de 18 a 60 anos. A segunda dose está sendo aplicada nesta semana.

Boa evolução nos estados

O último boletim da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicado na quarta-feira, 11, mostra que a taxa de ocupação de UTIs para adultos no SUS (Sistema Único de Saúde) está em menos de 80% em todos os estados brasileiros. É o melhor resultado desde que o boletim começou a ser editado, há pouco mais de um ano. Apenas cinco estados se encontram na zona de alerta intermediário, com ocupação de leitos entre 60% e 80%. São eles: Goiás, Mato Grosso, Roraima, Rio de Janeiro e Rondônia.

Trata-se de uma informação importante porque demonstra que os primeiros resultados da vacinação no país já podem ser sentidos. Hoje, mais da metade da população brasileira recebeu ao menos uma dose de vacina contra Covid-19. Completaram o ciclo de imunização, com duas doses ou a vacina de dose única, cerca de 22%.

No Distrito Federal, onde 57,77% da população recebeu a primeira dose até quinta-feira, 12, dados da Secretaria de Saúde mostram que a taxa de mortalidade por Covid-19 entre pessoas vacinadas com a primeira dose é de 0,07%. Quando remetemos às pessoas que têm a imunização completa (22,23% da população do DF até agora), esse número cai para 0,06%.

Todas as vacinas aplicadas no Brasil – Coronavac, AstraZeneca, Pfizer e Janssen – foram testadas e têm eficácia comprovada. Como vimos, os números já vêm mostrando isso, mesmo antes de se concluir o processo de imunização. Entretanto, mesmo que as chances de contrair o vírus diminuam, elas não são nulas enquanto ele estiver em circulação elevada.

Interromper a circulação do vírus

No DF, por exemplo, a taxa de transmissibilidade está igual ou maior que 1 há dez dias, o que indica a pandemia em aceleração. Felizmente a campanha de vacinação avançou na reta final, e tem sido possível manter sob controle os números de internação e óbitos. Mas eles precisam reduzir mais.

Entretanto, enquanto o vírus estiver circulando descontroladamente, os riscos seguem existindo. Nenhuma vacina imuniza 100% uma pessoa, mas, como atestam os números, ela reduz significativamente os riscos. Para reduzir ainda mais, é preciso vacinar ainda mais pessoas. O falecimento do ator Tarcísio Meira em decorrência da Covid-19, infelizmente, é demonstrativo disso. Aos 85 anos, ele tinha tomado as duas doses de vacina, mas estava cercado de pessoas que não estavam imunizadas.

Embora os números sejam animadores, todos os cuidados devem ser mantidos e até intensificados, uma vez que a variante delta do novo coronavírus, considerada quase 90% mais transmissível que a cepa original, está em circulação no DF. A conclusão do processo de imunização será essencial para que as rotinas de todos sejam retomadas com o máximo de normalidade possível.