Novo golpe: servidores de estatais pagarão mais caro por plano de saúde

Em até quatro anos, os servidores das estatais federais contribuirão com 50 % dos gastos com os planos de saúde, é o que instituiu a resolução publicada no Diário Oficial da União (DOU) pelo Ministério do Planejamento nessa sexta (26). A recente ofensiva do governo ilegítimo de Michel Temer traz à tona uma reflexão sobre a desvalorização do serviço público e a necessidade de grandes mobilizações para barrar os resquícios do golpe.
Atualmente, as empresas custeiam, em média, 77% dos gastos com os planos dos trabalhadores ativos e parte das despesas dos aposentados. Pela medida, além da divisão paritária da conta, o uso do benefício ficará restrito apenas ao período contratual, não arcando com as despesas do trabalhador após a aposentadoria. Outro ponto preocupante é que novos editais de contratação não mais ofertarão a assistência à saúde dos servidores.
A resolução também prevê regras para os planos de autogestão (geridos pela estatal). Apenas estatais com mais de 20 mil beneficiários poderão usar essa modalidade. Empresas com número menor deverão adotar o sistema de reembolso ou contratação de serviço empresarial.
O impacto será sentido, principalmente, pelos trabalhadores dos Correios, já que a empresa financia 95% da mensalidade e alguns servidores não terão mais o benefício estendido aos pais. De acordo com o secretário de Relações Internacionais da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), Emerson Marinho, desde 2015, a empresa tem atuado para mudar as regras do plano da categoria aos moldes do que foi proposto pela resolução.
O dirigente ressalta que, além da mensalidade de 50 %, os Correios tentavam implementar, inclusive, uma coparticipação nos procedimentos de alta complexidade, podendo variar de 10 a 30 % do valor gasto. “Fizemos a conta e, segundo esse modelo, o trabalhador irá arcar com cerca de 70% das despesas, indo contrário a um dos principais atrativos de se fazer concurso público, que é possuir um plano de saúde digno e que traga tranquilidade”, destacou.
Emerson esclareceu, ainda, que a Federação vai discutir com outras entidades que tenham planos de autogestão a questão da elaboração de uma grande estratégia de enfrentamento à medida. “Não vamos aceitar essa resolução. Não podemos permitir que nossos pais e filhos paguem pela corrupção. Enquanto cortam benefícios dos trabalhadores, o governo golpista abre as torneiras da compra de votos para a aprovação de projetos de seu interesse”, finalizou.