Nota de repúdio contra ato de racismo e misoginia no CEM 09 de Ceilândia

O Sinpro-DF vem a público manifestar toda a sua solidariedade à professora vítima de um ataque misógino e racista e, ao mesmo tempo, declarar seu repúdio a toda atitude que envolva os crimes de racismo e de misoginia em qualquer tempo e local do planeta, principalmente, no Brasil e nas escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal.

No Dia Internacional da Mulher, a categoria do Magistério Público foi surpreendida por um gesto racista e misógino de um estudante no Centro de Ensino Médio 09 de Ceilândia (CEM 09). É repugnante e intolerável a atitude do estudante que “presenteou” uma professora negra, no dia 8 de Março, com uma esponja de aço. A ação filmada e divulgada nas redes digitais demonstra o ódio à mulher e às pessoas de pele negra. Trata-se de um duplo crime – racismo e misoginia.

É misoginia porque, no Dia Internacional da Mulher, ele ofende a mulher na sua essência – quando ele dá a palha de aço, ele imprime a mensagem de que a mulher só serve para lavar a louça, estar na frente de um fogão e que não serve para ser professora e nem é digna de estar ali exercendo sua carreira magistério. É um crime de racismo porque porque ele usou a palha de aço da marca Bombril que, por muito tempo, foi associada ao fenótipo negro, que é o cabelo.

Com esse gesto, o estudante cometeu duas atrocidades dissimuladas em brincadeira. É importante destacar que brincadeiras e piadas só são divertimento quando todo mundo sorri e se diverte. Brincadeiras não geram constrangimento, dores, humilhações nas pessoas. A escola pediu ao estudante para fazer uma carta e lê-la em público pedindo desculpas e se retratando. Contudo, na avaliação do Sinpro, isso não é suficiente para reparar a profundidade e a extensão do constrangimento, do sofrimento e da dor que marcou não só a professora, mas também todos(as) que viveram a cena e sentiram o peso do racismo estrutural e do ódio às mulheres.

O Sinpro não tolera nenhum tipo de discriminação e aponta as falhas no sistema de educação que reverberam no caráter do corpo discente. É sim responsabilidade do Governo do Distrito Federal (GDF) o que aconteceu no CEM 09 de Ceilândia porque o governo de plantão não cumpre as leis criadas para erradicar injustiças sociais, desvios de conduta, promover a educação inclusiva e garantir a cidadania.

Esse triste e repulsivo episódio revela que nenhum ambiente está livre do racismo e da misoginia, além de mostrar que esse tipo de atitude permeia todos os espaços da sociedade brasileira, provando que o machismo e o racismo estrutural existem e precisam ser combatidos. Ao mesmo tempo, revela a inoperância do GDF que não prioriza a educação antirracista e inclusiva mesmo tendo um dispositivo legal para isso – a Lei nº 10.639/03 –, que não é colocado em prática nas escolas.

Diante desse ataque criminoso, o Sinpro se coloca à disposição de todas as direções das escolas para apresentar propostas que visem à realização de um trabalho de enfrentamento ao racismo no ambiente escolar. A Secretaria de Raça e Sexualidade sempre publicou cartilhas e outros instrumentos para fazer esse enfrentamento. A obra mais recente é o caderno “É preciso ser antirracista – Caderno de apoio para práticas pedagógicas de enfrentamento e combate ao racismo na escola”, que pode ser adotado nas escolas como instrumento de combate e enfrentamento pedagógico ao racismo.

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