Nota de pesar | Professora Maria de Lourdes Rocha

 

Com profundo pesar, o Sinpro informa o falecimento da professora pioneira Maria de Lourdes Moura Lima Rocha, e convida, a pedido da família, para a Missa de sétimo dia, que será realizada neste sábado (12/11), às 18h30, na Paróquia de São Judas Tadeu, na 908 Sul.

A professora Maria de Lourdes faleceu em decorrência de uma pneumonia e foi sepultada na Praça dos Pioneiros do Campo da Esperança, na Asa Sul, no dia 8 de novembro. Aposentada desde os anos 1990, ela foi uma das professoras pioneiras que ingressaram na rede pública de ensino no primeiro concurso público para o magistério público realizado no Distrito Federal.

Maria Paula Vasconcelos Taunay, ex-aluna dela, conta que a professora Lourdes se inscreveu e foi aprovada no “concurso nacional para professores, promovido pela Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília, o histórico Caseb”.

 

Quem foi a professora Lourdes?

 

Inicialmente, lecionou no ensino primário, “mas sua carreira ganhou notoriedade no campo de formação de normalistas, como professora de Didática na Escola Normal de Brasília, na qual foi professora e diretora da Escola de Aplicação lecionando para gerações inteiras de professores do Distrito Federal. Confira, a seguir, o texto sobre ela escrito por Maria Paula:

 

Começou a trabalhar na Escola Normal,  quando ainda era apelidada de “Sibéria”. Mais tarde, entre junho de 1963 até 1975 desempenhou funções como diretora da Escola de Aplicação, onde contribuiu para o desenvolvimento de um modelo escolar inovador, em espaços organizados em módulos, a saber: a escola de educação, a escola de aplicação e o jardim de infância.

 

Lourdes Moura nasceu em Araguari, Minas Gerais em 09 de julho de 1927, casou-se em Araguari e teve três filhos. Desde sua chegada, se estabeleceu no bloco residencial para professores, uma quadra fechada que lembra uma vila e ali sua família cresceu junto aos filhos de outros colegas, com as portas abertas e de forma sempre atenciosa e amorosa.

 

Iniciou seus estudos em sua cidade natal onde fez o Curso de Formação de Professores Primários. Posteriormente, em Goiânia, lecionou no Ginásio Vera Cruz e na escola de Aplicação da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Goiânia, onde também se graduou em História, Geografia e Estudos Sociais. Especializou-se em Didática em Belo Horizonte pelo INPE.

 

A professora Lourdes Moura, Tia Lourdes, como era conhecida foi orientadora de estágio nos ensinava a dar aula, falava da postura, da entonação da voz, da segurança e da atitude docente, nos orientava a planejar no  caderno arrumado, com letra bonita, margens regulares, encapado e bem cuidado. Dizia para anotar tudo conforme as etapas de observação, participação e regência.

 

Lourdes Moura era muito míope e precisava encostar meu caderno na ponta do seu nariz para ler o capricho do plano de aula antes e depois da lição. A ela indaguei como fazer quando a aula não dá certo ou quando sobra ou falta tempo, e ela, do fundo de suas lentes e sabedoria garrafais, respondeu: – “planos são feitos para dar errado e para repensar o que foi feito”.

 

Foi assim, e hoje, vejo que paisagem linda essa professora inspiradora me mostrou ainda tão jovem. 

Enquanto professores somos responsáveis por cuidar da nossa história.

 

Os estudantes do CASEB, Elefante Branco, Escola Normal de Brasília e também os do MOBRAL, alunos de Lourdes Moura saúdam a sua memória por reconhecimento de quem apreendeu a arte da pedagogia, na família e na escola.

 

Gratidão pelo muito que ensinou a nossa gente.

 

Texto de Maria Paula Vasconcelos Taunay, ex-aluna da Professora Lourdes Moura.