NOTA DE PESAR | PROFESSOR JOSÉ CARLOS DOS SANTOS

Com profunda tristeza e consternação, a diretoria colegiada do Sinpro-DF comunica o falecimento por Covid-19 de nosso colega José Carlos dos Santos. Professor de Atividades, atualmente, trabalhava na biblioteca da Escola Classe 38 (EC 38) de Ceilândia. Ele era chamado, carinhosamente pela categoria, de professor Carlinhos. O sepultamento será nesta segunda-feira (19), às 15h30, no Cemitério de Taguatinga.

Ele faleceu no domingo (18/4), no Hospital de Campanha de Ceilândia, após uma luta incansável por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Distrito Federal. Revoltada com as condições da morte do professor Carlinhos, a diretoria colegiada se solidariza com a dor dos(as) familiares, amigos(as) e colegas e lamenta mais um falecimento por Covid-19.

Sem nenhuma comorbidade e com um histórico de vida saudável, Carlinhos faleceu por falta de atendimento em UTI. Há 20 dias, ele deu entrada na Emergência do Hospital de Ceilândia em estado avançado de Covid-19. Ficou internado mais de duas semanas. Mas, como essa doença é imprevisível e não se importa se o corpo é saudável ou não, o estado dele se agravou. Ele precisou da UTI, mas não conseguiu a tempo. O professor era o último de uma lista de 400 pessoas com Covid-19 à espera de terapia intensiva.

 

Um sobrinho dele teve de entrar com uma liminar na Justiça para que fosse disponibilizado um leito de UTI. Carlinhos foi, então, transferido para o Hospital de Campanha da Ceilândia, mas já era tarde: as complicações provocadas pela Covid-19 se agravaram e ele faleceu, nesse domingo (18/4), às 21h.

 

A falta de UTI e as mortes evitáveis

“De acordo com informações do hospital, a equipe médica teve muita dificuldade para colocá-lo na posição promada pelo fato de ele estar muito agitado. Teve agravamento do quadro infeccioso e também foi contaminado por uma bactéria no hospital”, informam os colegas e Luciene, esposa dele, também professora da rede pública de ensino, atuante no CED 16 de Ceilândia.

 

O caso do professor Carlinhos é típico do que está acontecendo, hoje, no Brasil, e digno de processo contra os governos Ibaneis Rocha (MDB) e Jair Bolsonaro (ex-PSL) por falta de uma política local e nacional de combate à pandemia, que envolva vacinação pública em massa, lockdown total para diminuir contaminações e investimento do dinheiro público na saúde e na economia para evitar aglomerações nas ruas e filas de pacientes adoecidos por Covid-19 nas portas das UTI, com milhares de pessoas estão morrendo todos os dias com ou sem atendimento. Isso sem contar a falta do chamado “kit intubação”, que são os sedativos para pacientes intubados.

 

No DF não é diferente. Falta kit intubação nas UTI e, falta UTI. A pandemia avança gravemente por falta de lockdown, de capacidade hospitalar e de vacinação. Ou seja, falta gestão pública na cidade e no País. A diretoria colegiada aproveita esta oportunidade para alertar a categoria dos perigos da Covid-19, uma doença com letalidade imprevisível e totalmente descontrolada no País por falta de política nacional de combate à pandemia do novo coronavírus.

 

Sem lockdown e sem vacinação pública em massa, vai piorar

A situação continua grave e vai piorar. Cientistas têm denunciado que, se não houver lockdown urgente, em 1º/7/2021, haverá 600 mil mortes por Covid-19 no País e 5 mil mortes diárias. Os brasileiros já estão sendo impedidos de entrar em outros países e o Brasil já é denunciado, internacionalmente, como uma ameaça ao planeta por causa das variantes, cada vez mais resistentes, que estão surgindo em território nacional em razão da falta de combate e de controle.

 

É importante esclarecer que o falecimento do professor Carlinhos era evitável e é consequência da má gestão pública da crise sanitária e do dinheiro público. Isso ocorre porque os políticos, eleitos em 2018, não têm nenhum compromisso com a classe trabalhadora e nenhum interesse em investir o dinheiro público na saúde pública e, muito menos, em programas públicos de vacinação em massa. Menos ainda em investir esse recurso na adoção de medidas de distanciamento e isolamento sociais para controle da pandemia.

Diante da completa falta do Estado nacional no controle e combate à peste, a diretoria orienta a categoria a, ela mesma, seguir, com rigidez e disciplina, as recomendações científicas e comprovadas de distanciamento e isolamento sociais, uso de máscara e lavar as mãos, os punhos, o rosto com sabão durante, no mínimo, 20 segundos. Quando não puder usar a água e o sabão, aplicar o álcool em gel 70% nas mãos e punhos.