Nota de pesar: Fernanda Tomaz Araújo Otaviano

O Sinpro-DF informa, com muita tristeza, o falecimento da professora Fernanda Tomaz Araújo Otaviano, com 51 anos recém-completados, vítima de enfarte fulminante. 

Fernanda era professora no CEF 30 de Ceilândia. Antes disso, deu aulas também no CEF 10 de Ceilândia.

Tinha se aposentado em agosto deste ano, depois de mais de 30 anos de trabalho prestado à SEEDF.

Seus colegas lançaram nota dizendo que Fernanda era uma “professora dedicada e muito amada pela comunidade, que deixa um legado de amor e fraternidade”. Fernanda deixa dois filhos e sua maior companheira, sua mãe, dona Dolores.

O velório será neste domingo, 5/12 das 12h às 14h, capela 04 Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. O sepultamento será em seguida. 

Quando se aposentou, Fernanda deixou esta mensagem em suas redes sociais:

“Hoje deixo meu legado com honra, com sensação de dever cumprido, com coração meio que sem saber direito o que tô sentindo. Por onde passei, trabalhei e fiz amigos, dei o meu melhor, dedicação e vontade de mudar o mundo me movia, sonho de ver todos os estudantes dentro da escola (…) foram 30 anos dedicados às famílias, aos estudantes e às comunidades por onde passei. Agradeço a todos colegas que viraram amigos. (…) tudo é aprendizado e me despeço da secretaria de educação com cabeça erguida, coração em paz e ainda cheia de vontades. Agradeço à minha mãe por nunca ter deixado eu desistir. Estudei, fiz minha parte, realizei meu sonho de ser professora, entrei e estou saindo pela porta da frente. O amor sempre foi o meu combustível , talvez por isso fiz tanta diferença na vida de tantas pessoas. Gratidão!”

 

As amigas de Fernanda fizeram um texto de despedida para a amiga querida:

Fernanda, uma educadora a quem amamos e admiramos profundamente!

Recebemos com perplexidade, estarrecimento e devastação a notícia da partida precoce da professora Fernanda. Precoce porque ela era muito jovem e estava entrando em uma outra fase muito importante da sua vida – tinha se aposentado depois de mais de 30 primorosos anos dedicados à educação, mas precoce, também, porque sendo a Fernanda quem ela é, todo tempo com ela sempre seria pouco. Gente como a Fernanda tinha que ser eterna.

Quem teve o prazer de conhecê-la na adolescência, na extinta Escola Normal de Ceilândia, deve se lembrar: Fernanda era uma explosão de alegria. Onde ela chegava  vinha junto uma vibração, uma energia de felicidade que contagiava quem estivesse por perto!

Foi uma estudante dedicada, comprometida, e o que quer que fizesse, fazia com leveza e seriedade. Todo mundo a conhecia, e todo mundo queria colar nela, porque estar do lado dela era garantia de aprendizado, de satisfação e de acolhimento.

Se tornou professora muito cedo e nunca deixou de se nutrir da potência da infância e da juventude. A Fernanda sempre foi a professora que lutou bravamente por uma escola pública, democrática, inclusiva, socialmente referenciada, viva, vibrante, em que crianças e adolescentes, filhos e filhas da classe operária, pudessem ssentir respeito, amor e acolhimento e em condições efetivas de terem garantido os seus direitos às aprendizagens e ao desenvolvimento integral. Ela defendia a escola pública pela prática pedagógica emancipadora que promovia, pelo discurso libertador que enunciava, pela presença certa e qualificada na atuação e na militância política.

A Fernanda nunca aceitou que a escola fosse um lugar triste, estéril, frio, controlador, onde não houvesse o prazer, o prazer de ser, de existir, de se sentir parte, o prazer de aprender. Ela sempre transformou a sala de aula em um lugar em que todas as vozes fossem ouvidas e em que todos pudessem sentir-se amados! Amor é uma das melhores palavras para definir a Fernanda. Ela transborda amor, exala amor, vive de forma amorosa com e para os outros (ainda não conseguimos usar o pretérito para falar dela).

Uma das recordações mais marcantes que a gente tem da Fernanda é de como ela movia céus e terra para defender estudantes de qualquer forma de violência. Ela escolheu trabalhar na quebrada porque sempre sentiu um orgulho enorme de ser ceilandense. Quando havia um aluno ou aluna em quem as pessoas não acreditavam, era quem ela acolhia pra lhe dizer: “eu confio, acredito em você e tô contigo”.

A Fernanda mãe não podia ser diferente da Fernanda professora: amorosa, divertida, lúcida, ética! A mãe necessária e maravilhosa do Vinícius e do Eduardo.

Fernanda, nós, seus amigos, familiares, seus colegas teremos muitas dificuldades para compreender e aceitar que você não está presencialmente entre nós. Você foi o colo de que tantos de nós precisávamos em vários momentos, foi a escuta que salvou e fortaleceu a tantos outros. Você foi o abraço que nos acolheu quando dele necessitávamos. Você foi a alegria que tornou os dias difíceis das nossas vidas muita mais fáceis de serem suportados simplesmente porque você estava por perto para nos lembrar que tudo ficaria bem.

Como seguir sem você, Fernanda? Ainda não sabemos. Hoje, com você em outro plano, o que sabemos de tudo o que vivemos com você é que nas nossas memórias, nas memórias dos seus estudantes você será eterna, porque alguém como você vive para sempre dentro de nós. Pessoas como você, Fernanda, são eternas.

A diretoria colegiada do Sinpro lamenta profundamente a perda da professora Fernanda, que sempre será lembrada com carinho por colegas, estudantes e ex-alunos, e se solidariza com sua família e amigos.