Nota da diretoria | Massacre de Aracruz: a escola como alvo da política do ódio

A diretoria colegiada do Sinpro-DF se solidariza com os(as) familiares e com toda a equipe de educadores(as) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti e do Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), situadas em Aracruz, Espírito Santo, vítimas dos ataques a tiros de um ex-aluno da escola estadual, que tirou a vida de quatro pessoas – três professoras e uma estudante – e deixaram outras 12 feridas, algumas em estado grave.

Mais uma vez a escola é vítima do terrorismo neonazista. No mesmo dia do crime, a Secretaria de Segurança Púbica do Estado do Espírito Santo localizou o assassino e mostrou sua ligação com grupos terroristas neonazistas existentes no País. Segundo informações da SSP-ES, o atirador é filho de um policial militar, e entrou na escola estadual, abrindo fogo na sala de reuniões dos professores, na hora do recreio, atingindo, fatalmente, três professoras.

Duas faleceram no local do crime e, Flávia Amboss Merçom, professora de sociologia, faleceu horas depois. O Sinpro informa que, além de professora, Flávia era militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Em seguida, o atirador seguiu para o Centro Educacional Praia de Coqueiral, uma escola privada, e atirou em outras pessoas.  A ação do adolescente imita cenas quase que “cotidianas”  em escolas estadunidenses, país em que a venda de armas de fogo é liberada e a maioria dos políticos é financiada pela indústria bélica. Nesses locais, a escola é alvo predileto da política do ódio. O Sinpro vê com preocupação esse tipo de cena ocorrer no Brasil e teme pela vida dos(as) educadores(as) e estudantes de todo o País.

O atual governo federal rasgou o Estatuto do Desarmamento para favorecer empresários e indústrias armamentista, que precisam de uma sociedade em permanente estado de tensão para vender suas armas. Além disso, todos(as) sabemos, principalmente nós, os(as) educadores(as), que o Brasil está adoecido pelo ódio apregoado por ideologias fundamentalistas, ligadas ao nazismo, ao fascismo e, principalmente, aos Estados terroristas e milicianos. Em Estados dominados por essas ideologias, nenhum lugar é seguro para garantir a nossa própria vida e a de nossos(as) filhos(as).

É sempre bom lembrar que a escola é alvo constante de todo tipo de ataque, incluindo aí este que ocorreu em Aracruz, na véspera do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher. A data, que marca a luta das mulheres contra o feminicídio, o machismo e a misoginia, agora ficará na memória nacional como o dia da tragédia de Aracruz. Quantos ataques como esses serão necessários para que os(as) brasileiros(as) se deem conta de que ideologias que pregam o ódio e a liberação de armas é um projeto de dominação do qual todos(as) somos vítimas? Entendemos que, enquanto prevalecer o ódio apregoado por essas ideologias ninguém estará a salvo.

Diuturnamente, o Sinpro atua contra esse tipo de ideologia, denunciando todas as mazelas de grupos terroristas e revivendo a história do Brasil e do mundo para que todos(as) acessem as informações necessárias para combater esse tipo de doutrinação. O Sinpro avaliza a nota da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e afirma que a escola é sim o lugar para se refletir, criticamente, sobre a disseminação de ideologias do ódio e, juntamente com isso, a venda de armas de fogo. Uma das ações é a desmilitarização das escolas públicas como iniciativa para a pacificação da sociedade contaminada pelo ódio.

Para além dos muros das escolas, entendemos ainda que o Brasil precisa discutir urgentemente uma política nacional de desarmamento da população civil, dificultando e coibindo a posse de armas de fogo pelo cidadão comum, bem como a repressão total até a extinção de ideologias terroristas, como o nazismo, o fascismo, o Estado miliciano e sua vertente econômica: o neoliberalismo.

Assim, solidária à população. aos(às) educadores(as) e às famílias dos(as) estudantes de Aracruz, vítimas do ódio neonazista, a diretoria colegiada reforça seu compromisso com a defesa de uma sociedade mais justa, democrática e humanitária e uma escola com investimento público, capaz de oferecer não só uma educação gratuita, pública, democrática, laica, libertadora, crítica, de qualidade socialmente referenciada, mas também a segurança física por meio dos Batalhões  Escolares.

 

Brasília, 28 de novembro de 2022

Direção Colegiada do Sinpro-DF

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