Estudantes do Caseb são destaque em competições de Matemática

Para muitos, Matemática pode até ser um bicho de sete cabeças, mas para os estudantes de um dos colégios mais antigos de Brasília, o Centro de Ensino Fundamental (CEF) Caseb, a opinião é outra. Isso, graças a um excelente projeto pedagógico desenvolvido na instituição, que tem comprovado que o aprendizado da Matemática vai muito além dos conhecimentos cognitivos. Intitulado Matemática é Para Todos (MEPT), o projeto foi idealizado por Cristina de Jesus Teixeira, professora há 23 anos, lotada no Caseb há sete.

Cristina explica que o MEPT surgiu a partir do desejo de oportunizar aos discentes uma experiência nova no que diz respeito ao ensino da Matemática, algo para além da sala de aula. Por meio do desenvolvimento das habilidades matemáticas e do estímulo à criatividade, o MEPT democratiza a aprendizagem da disciplina. Para ela,  o sucesso do projeto está relacionado ao incentivo, apoio e disponibilização de recursos por parte da equipe gestora.

“O apoio e o trabalho em equipe são fundamentais, pois os projetos só se desenvolvem com engajamento irrestrito de todos  na organização do trabalho pedagógico. Trabalhei em escolas em que não obtive êxito nos projetos porque não havia apoio da equipe gestora. No Caseb, o incentivo foi constante. Todas as solicitações referentes ao desenvolvimento do projeto e às aprendizagens dos estudantes sempre foram prontamente atendidas, como a disponibilização espaço físico para os encontros do MEPT, estruturação dos horários para facilitar os encontros, compra de impressora colorida para as atividades, mudança do horário de almoço dos estudantes participantes e muito mais”, salienta.

 

 

2° fase OMDF – Estudantes acompanhados pelos professores Cristina J. Teixeira e Vilmondes Rocha

 

 

Cristina explica que o MEPT representa possibilidade de mudanças e transformações sociais da realidade dos estudantes. A iniciativa tem evidenciado que todos podem aprender por meio das interações que surgem nos momentos de resolução dos problemas – diálogos, trocas, discussões – e a partir dos resultados positivos em provas e competições. “O MEPT mostrou que matemática é, de fato, para todos, não apenas para os poucos considerados acima da média. Para isso, os estudantes só precisam acreditar em si mesmos. Este é um trabalho que passa mais pela valorização da autoestima de cada estudante do que por questões de conhecimentos cognitivos. Não se trata de ser bom ou ruim em matemática, trata-se de oferecer possibilidades”, afirma.

A metodologia utilizada é alicerçada na concepção histórico cultural de que o processo de aprendizagem ocorre a partir da interação entre os indivíduos. Desta maneira, formam-se em pares a fim de promover e facilitar os processos de diálogos, discussões, argumentações, resoluções de problemas e desafios, resgatados dos bancos da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Olimpíada de Matemática do DF (OMDF), Concurso Canguru de Matemática, entre outros.

Inicialmente, as vagas são oferecidas apenas para os estudantes das turmas nas quais a professora Cristina de Jesus Teixeira é regente. Porém, se houver interesse dos demais estudantes, as vagas são ampliadas. A média anual de participação tem sido de aproximadamente 50 estudantes e o engajamento é totalmente voluntário. Os encontros acontecem sempre às segundas e terças-feiras no contraturno das aulas, no período de março a novembro de cada ano.

O MEPT surgiu em 2014 e, ao todo, já são cinco anos de um projeto que vem colhendo os louros do sucesso. Prova disso, são os reconhecimentos angariados em diversas competições. Referente aos resultados nas premiações na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas e Privadas e na Olimpíada de Matemática do Distrito Federal, mais de 70% dos premiados eram estudantes do projeto MEPT. Somente no ano de 2018, por exemplo, 16 participantes do MEPT foram premiados na OBMEP e 25 na OMDF. Já em 2019, 26 estudantes integrantes do projeto tiveram êxito na OBMEP e 27 na OMDF,  totalizando 53 premiações. Em decorrência do bom desempenho em competições, desde de 2017, os estudantes premiados do Caseb têm conseguido, inclusive, bolsas no Programa de Iniciação Científica (PIC) na Universidade de Brasília (UnB).

“O sentimento é de felicidade e dever cumprido ao ver o MEPT gerando tantos frutos. Porém, vale ressaltar que os resultados em olimpíadas são apenas uma das consequências visíveis em relação às aprendizagens dos estudantes. Podemos verificar um desempenho considerável em todas as áreas do conhecimento, como nas habilidades de leitura, interpretação, análise, argumentação e autonomia em relação a resolução de problemas e muito mais. Recentemente, fomos premiados pela CLDF com o selo de Práticas Inovadores em Educação. Esse prêmio tem por objetivo divulgar e ampliar projetos inovadores no âmbito do Distrito Federal. Agora, a ideia é compartilhar nossa inciativa para que outros professores e gestores se apropriem do projeto para desenvolvê-lo em suas escolas”, afirmou a professora Cristina de Jesus Teixeira.

A diretora do Caseb, Angelita Amarante reafirma que o MEPT é um projeto pedagógico muito importante que tem dado certo e viabilizado o aprendizado de matemática para os alunos de uma forma simples e tranquila. “A equipe de matemática e a professora Cristina são os principais protagonistas desse sucesso. Os que estão inseridos no projeto perderam o medo de matemática e viram que são capazes de aprender e desenvolver determinados assuntos que eles achavam que jamais conseguiriam. Não precisa de muitos recursos, o principal recurso é o recurso humano da professora Cristina, que faz um lindo trabalho e conquistou com maestria esses alunos por meio do incentivo, do elogio e da valorização.  Isso sem dúvida faz toda diferença na vida desses estudantes”, concluiu.

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