No Mês Consciência Negra, Coronel Tadeu, do PSL e da PM de SP, vandaliza charge de Latuff na Câmara dos Deputados

No Dia da Consciência Negra, o Brasil amanhece com mais um gesto de racismo e fascismo no Congresso Nacional. Todo mundo viu a notícia de que o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou e destruiu o quadro com a charge do cartunista Carlos Latuff de uma exposição sobre o Mês da Consciência Negra, no corredor que liga a Câmara dos Deputados ao Senado Federal.

A imagem exposta mexeu com a realidade do coronel da PM que hoje ocupa uma cadeira na Câmara dos Deputados porque participou de uma eleição democrática para os cargos políticos do Brasil. Esse arroubo de violência contra uma charge demonstra a urgente necessidade de a população vigiar e monitorar os rumos da democracia no País e as atitudes de quem deveria defendê-la.

O vandalismo do deputado contra a obra do cartunista mostra, sobretudo, o gesto autoritário de alguém que não suporta ver a realidade que cerca a vida da população negra brasileira. Em setembro deste ano, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou a 13ª edição do Anuário da Violência.

O documento compila e analisa os dados de registros policiais sobre criminalidade, sistema prisional e gastos com segurança pública. O levantamento indicou que 75,4% das vítimas pelas polícias brasileiras eram negras.

Para identificar o perfil das vítimas da letalidade policial no Brasil, o Fórum investigou 7.952 registros de intervenções policiais terminados em morte no período de 2017 e 2018. Na época, os pesquisadores responsáveis pelo estudo reafirmaram que os números registrados reforçam o racismo estrutural no país.

A imagem do cartunista exposta e violentada pelo deputado retrata essa triste e sanguinária realidade brasileira. No documento, os pesquisadores declararam que é impossível negar o viés racial da violência no Brasil. A prova disso é a atitude destemperada e autoritária do coronel.

No Plenário da Casa Legislativa, vários outros deputados federais tiveram, no momento do escândalo, a atitude fascista de rir, com sarcasmo, das pessoas que reagiram à agressão do parlamentar paulista. A situação se mostrou tão vexaminosa que foi necessário o Presidente da Casa chamar a atenção desses que usam as liberdades democráticas para ocuparem cargos no poder e atuam para manter o Brasil com uma sociedade racista e até escravagista.

Aliás, pelos projetos de lei que apresentam e reformas constitucionais que aprovam mostram, claramente, que defendem um país sem direitos sociais e trabalhistas e que defendem uma sociedade retrógrada, violenta e escravagista.

Basta ver o perfil de reformas como a da Previdência, a do Ensino Médio, a que resultou na Emenda Constitucional 95/2016, a PEC do Pacto Federativo e outras proposições em curso nas duas Casas Legislativas.

É preciso estarmos atentos(as) para não permitirmos a volta do Brasil aos tempos nefastos do escravagismo econômico-racial e aos tempos obscuros e sanguinários do militarismo ditatorial. No Dia da Consciência Negra, é importante reforçarmos a ideia de que é preciso repensar as competências e as ações das Polícias brasileiras, das quais tanto precisamos.