No Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais, o Sinpro reforça luta por “mais livros, menos armas”

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais deste ano está repleto de apelos. O Sinpro aproveita esta ocasião para reforçar a campanha por “mais livros, menos armas”. Nos últimos 20 anos, segundo a mídia, o Brasil teve ao menos 16 ataques em escolas. Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz, em novembro do ano passado, revelou que, desde 2003, o Brasil registrou 11 episódios de ataques com armas de fogo em escolas.

O site Poder360 informa que nos últimos 12 anos pelo menos 52 pessoas morreram em atentados em instituições brasileiras. “Foram 12 atentados desde 2011 em unidades de ensino em todo o País, sendo o massacre de Janaúba (MG) o mais fatal, com 13 mortes. O ataque mais recente foi no dia 5 de abril de 2023, em uma creche em Santa Catarina, e quatro crianças morreram durante o crime”, diz o jornal. (https://www.poder360.com.br/brasil/brasil-teve-5-ataques-com-mortes-em-escolas-em-2022-e-2023/)

O caso da creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, ocorreu, praticamente, 10 dias após um estudante de 13 anos do 8º Ano da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste da capital paulista, ter esfaqueado quatro professoras e um estudante  em 27 de março. Uma das professoras, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário da USP.

Inspirado no mote “mais livros, menos armas”, o Sinpro observa que é preciso cortar o mal pela raiz desde a escola, a começar pela eliminação dessa doutrinação de crianças, jovens e adultos feita por grupos autoritários e neoliberais, com viéses nazistas, fascistas, fundamentalistas e de extrema direita e outras nuances terroristas, como é o chamado “bolsonarismo”.

Na avaliação da diretoria colegiada da entidade, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República foi um passo fundamental do Brasil para acabar com o regime autoritário anterior, que fazia apologia à violência e à morte. No entanto, isso não é o suficiente para acabar com a cultura do ódio, que a cada dia ganha dimensões gigantescas, principalmente nas redes digitais, e tem cooptado pessoas de todas as idades. A escola é um dos locais capazes de instruir para a cidadania e destruir esse tipo concepção de vida que tem adoecido e assustado a comunidade escolar.

Desde o fim de março, grupos terroristas têm anunciado nas redes digitais que, na quinta-feira (20/4/23), haveria ataques a escolas brasileiras. Essa data, por sua vez, faz uma referência ao massacre ocorrido na Columbine High School, nos EUA, em 1999, que assombrou o mundo: dois alunos seniores, Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 12 estudantes e um professor, feriram outras 24 pessoas e trocaram tiros com a polícia. O cineasta Michael Moore fez um documentário premiado sobre o crime, intitulado “Tiros em Columbine”.

Governo federal inicia combate aos ataques

No Brasil, o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça, registrou grande circulação de mensagens nas mídias sociais com conteúdo de violência por ocasião do dia 20 de abril. No dia 10 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a criação de um canal de denúncias para evitar novos ataques. Por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública e em parceria com a Safernet, lançou o Escola Segura para receber informações sobre possíveis ameaças a escolas. A plataforma permite que as denúncias sejam investigadas de forma mais rápida e eficiente. Clique aqui e acesse o canal.

Na terça-feira (18/4), Lula da Silva (PT) se reuniu com ministros, representantes do Legislativo e Judiciário, governadores, prefeitos e secretários de Educação para discutir o enfrentamento da violência nas escolas. Na ocasião, o presidente Lula anunciou que 225 pessoas foram presas ou apreendidas em 10 dias por suspeita de participarem de ameaças ou ataques a escolas no País. Para Lula, o Brasil vive uma situação nova acerca da qual há pouco conhecimento sobre o que fazer. No encontro, os ministros Camilo Santana (Educação) e Flávio Dino (Justiça) apresentaram as medidas já tomadas pelo grupo interministerial criado por Lula em 5 de abril, logo após o ataque à creche de Blumenau (SC).

Dentre as ações, estão a liberação de mais de R$ 3,4 bilhões para que estados e municípios implantem ações de prevenção, segurança e apoio psicossocial nas escolas; uma cartilha com orientações para gestores escolares; e a abertura de canais de denúncias que já estão ajudando no combate a atentados. Clique aqui e confira o que o governo federal já providenciou

Em recente audiência pública na Câmara dos Deputados, no dia 12 de abril, o ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu as ações adotadas pelo governo federal após os ataques da escola em São Paulo e da creche em Blumenau (SC) e afirmou que uma solução para esse problema não será conseguida “da noite para o dia”. O ministro apontou agravantes, como o crescimento do que chamou de uma “cultura do ódio” propagada pelas redes sociais, e ressaltou a necessidade de controlar essas mensagens.

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autoriais

Comemorado no dia 23 de abril, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em homenagem a três autores celebres: Miguel de Cervantes, Willian Shakeaspere  e Inca Garcilaso de La Vega. “O dia 23 de abril é uma data simbólica na literatura mundial. É a data em que vários autores proeminentes, como William Shakespeare, Miguel Cervantes e Inca Garcilaso de la Vega morreram”.

Diz ainda que a “data foi uma escolha natural para a Conferência Geral da Unesco, realizada em Paris em 1995, para prestar um tributo mundial a livros e autores nesta data, encorajando todos a terem contato com livros – a mais bela invenção para compartilhar ideias além das limitações humanas de espaço e tempo, bem como a força mais poderosas para a erradicação da pobreza e para a construção da paz”.

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