Nesta quarta (29), servidores aderem ao ato pela Educação

Às vésperas da grande manifestação em defesa da Educação, a CUT Brasília conversou com Dimitri Assis Silveira, diretor do Sindsep-DF, e um dos mobilizadores para o ato. Servidor do MEC, ele apresenta a visão daqueles que estão dentro do órgão neste momento de em que o governo golpista ataca de forma fulminante os programas sociais e aponta os reflexos danosos para o funcionalismo.
dimitriPara Dimitri, os seguidos ataques sofridos pelo Ministério da Educação é um reflexo da política golpista de Michel Temer a favor do rentismo e contra o social. “Entramos em uma era de desmonte e muitos ainda não compreenderam isso, principalmente os servidores do MEC que consideram que o problema não nos atinge”. Segundo ele, o funcionalismo público corre grande risco. “Já é notória a precarização de um modo geral e um dos atores que mais sofrerá nesse processo será o servidor. Seja pela falta de concurso, pelo congelamento salarial, e, quem sabe, até pela volta do programa de demissão voluntária e pela discussão da quebra definitiva da estabilidade”, completa.
Em todos os setores, o caos se avizinha e na Educação não é diferente. Com a ameaça da PEC 241 que visa congelar gastos do Estado, em específico Saúde e Educação, as políticas educacionais sofrerão bastante, principalmente no que diz respeito ao cumprimento do Plano Nacional de Educação. “Estamos completando dois anos do PNE e se essa medida passar, combinada com o desmonte do regime da partilha do pré-sal, dos royalties e do Fundo Social, o Plano será enterrado por definitivo” lamenta.
O dirigente dos servidores federais ressaltou questões mais diretas, como a “Escola Sem Partido”, que, caso aprovada, trará o cerceamento da liberdade de expressão dos professores, não só para dentro da sala de aula, mas também através do livro didático. Outra consideração foi quanto à regulação do ensino superior, pois nomearam um secretário ligado diretamente a um grande conglomerado das universidades privadas e esse é um critério que vem se repetindo em todas as secretarias. “Estão escolhendo raposas para tomar conta de galinheiros”, constata.
Ao tratar das demissões de 50% dos funcionários terceirizados, Assis alerta sobre a avalanche de desmandos que se avoluma. “O problema começa desde a nomeação do ministro golpista, Mendonça Filho, que veio dos Democratas, partido que foi publicamente contra várias políticas sociais como o FIES, ProUni, o sistema de Cotas e a política da discussão das questões de gênero. Para avaliarmos o tamanho do absurdo, as primeiras pessoas que ele (o ministro) recebeu foram Marcelo Reis, dos Revoltados Online, e o ator Alexandre Frota, que vieram fazer um lobby dessa sandice que é a ‘Escola Sem Partido’, mais conhecida como a ‘Lei da Mordaça’. Essa é a tônica do Ministério da Educação que acaba de cortar as bolsas dos estudantes do ‘Ciência Sem Fronteiras’. Onde isso tudo vai parar?”, questiona o servidor do MEC.
Educadores ocupam Esplanada
Nesta quarta (29), acontece o segundo dia da Jornada de Lutas pela Democracia e Garantia de Empregos, Direitos e Conquistas promovida pela CUT Brasília e o CNTE, Sinpro-DF, entidades nacionais de Educação, servidores do MEC, INEP e FNDE, sindicatos das categorias prejudicadas e caravanas de educadores de todo país, estarão reunidos em frente ao MEC em um grande ato em defesa da democracia e da educação brasileira, a partir das 6h. “Não podemos permitir que tantas conquistas nos sejam arrancadas sem lutarmos, por isso contamos com a participação de todos”, finaliza Dimitri.