Não vacinados são maioria dos internados no DF, diz Paco Britto

De dois anos de pandemia mundial do novo coronavírus, foi possível extrair alguns aprendizados. Um dos principais deles mostra, com nitidez, que um não estará seguro se todos não estiverem.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou que as vacinas precisam ser mais bem distribuídas pelo globo. Se os países ricos acumularem a maior parte de todas as doses disponíveis, os países mais pobres não conseguirão imunizar suas populações, tornando-se terreno fértil para o surgimento de novas variantes, talvez mais agressivas, talvez com capacidade de escapar da proteção das vacinas existentes. Então, disponibilizar imunizantes para os países mais pobres não é apenas uma questão ética – que já deveria ser o suficiente -, é também uma questão de segurança para todos os demais.

Dentro de uma determinada população, a questão se repete em escala semelhante. Hoje em dia, por exemplo, na atual fase da pandemia, especialistas e profissionais de saúde apontam – e o próprio ministro da saúde reconhece – que a grande maioria dos pacientes de covid-19 internados em UTIs Brasil afora é constituída por não-vacinados, ou aqueles(as) sem o ciclo de imunização completo (duas doses). Na semana passada, o governador do DF em exercício, Paco Britto, afirmou que 90% das pessoas internadas com covid-19 na capital federal são não vacinados ou sem o ciclo completo de imunização.

Essa pressão sobre os hospitais, as emergências, as unidades básicas e as UTIs prejudica, e muito, aqueles e aquelas que adoecem por outras enfermidades. Sabemos, por exemplo, que o verão, época de chuvas no DF, é propício para a proliferação da dengue. A busca por atendimento pelas pessoas com covid, neste cenário de explosão de casos, cuja transmissibilidade é favorecida pelas pessoas que não se vacinaram, impactará o atendimento às pessoas com dengue. Interferirá no atendimento a pacientes de doenças crônicas. Restringe o acesso de crianças e idosos ao sistema de saúde.

A imunização das crianças, que se iniciou neste domingo (16) no DF, é um passo importante para alcançar essa proteção coletiva. Até agora, elas era um segmento da sociedade que encontrava-se em vulnerabilidade em relação aos demais. A inclusão das crianças da campanha de vacinação contra covid-19, além de protegê-las, amplia a cobertura vacinal da sociedade.

A diretoria colegiada do Sinpro-DF entende que, para além da proteção individual que o ato de vacinar-se representa, trata-se também de uma ação coletiva. Para reduzir a circulação do vírus, para evitar que ele chegue às pessoas com mais fragilidades, para impedir a sobrecarga do sistema de saúde, mais pessoas precisam estar imunizadas! Ou então, além de manter o vírus em circulação, como foi dito, abre-se caminho para surgimento de novas variantes – da mesma forma que pode acontecer se as doses forem tão desigualmente distribuídas pelo mundo. A responsabilidade é de cada um, e a responsabilidade é de todos.

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