Não devemos sucumbir ao medo e ao pânico que, deliberadamente forjados, tem como objetivo atingir a própria educação brasileira

2023 04 20 panico nao

 

Nessa última semana, as notícias que tomaram conta das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, sobre ameaças de atentados contra as escolas brasileiras, objetivam criar pânico, instaurar o medo e esvaziar nossas escolas. Trata-se de um procedimento e método antigos que, com objetivos espúrios e ardilosos, têm direcionamento político e interesses nefastos óbvios: fortalecer uma pauta que, vencida nas últimas eleições, mas com muita adesão social, a extrema direita brasileira tenta impor ao conjunto da sociedade.

Atentados e agressões de toda ordem contra nossas escolas não têm data e nem hora marcada. Quando ocorrem, demonstram, ao fim e ao cabo, o esgarçamento total das relações sociais das nossas sociedades. A segurança nas escolas deve ser preocupação constante de todos os governos e deve ser feita por aqueles que têm a missão e atribuição legais para isso. Forjar esse clima de terror junto às nossas crianças e comunidade escolar como um todo não deve nos orientar para interesses armamentistas dissimulados que começam a ganhar terreno no debate público.

É fundamental que, a exemplo das medidas que já foram indicadas pelo Governo Federal, as autoridades locais (municipais e estaduais) comecem a identificar e punir de forma exemplar e rigorosa a proliferação desse tipo de discurso de ódio que tomou conta das redes sociais. Por outro lado, é também dever dos governos cumprir as políticas públicas de Estado para a área da Educação, determinadas na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e nas Leis dos Planos Decenais de Educação.

Infelizmente, as maiores vítimas desse clima de pânico e medo são nossas próprias crianças e jovens. Quando encontram na escola esse tipo de clima, a educação brasileira como um todo falhou. É urgente que, como sociedade, reajamos a isso de forma ativa e altiva. O primeiro passo é não sucumbir a essa estratégia maquiavelicamente maquinada por esses setores sociais que tentam, a todo custo, impor essa pauta e agenda social. A segurança nas escolas não virá de políticas educacionais que transformem nossas unidades escolares em presídios ostensivamente vigiados. A melhor estratégia de segurança é envolver todo o conjunto da comunidade escolar na definição e implementação de uma escola segura e que seja, sobretudo, um ambiente de paz.

Não nos imporão o medo como medida educativa. As escolas devem ser espaços de liberdade e de formação plena das nossas crianças e jovens. Sabemos que o ardil intentado no dia de hoje é coisa forjada por setores com interesses políticos vis e, em alto e bom som, dizemos que não prosperarão! A educação continuará a ser o principal instrumento de construção de uma sociedade livre, justa e democrática.

Brasília, 20 de abril de 2023
Direção Executiva da CNTE