Mulher negra, Bruna Brelaz é a nova presidenta da UNE

Bruna Brelaz é um sintoma de transformação das amarras e contradições mesmo em um ambiente tradicionalmente progressista como a União Nacional dos Estudantes (UNE). Ao longo de oito décadas com uma maioria de presidentes homens e brancos, ela é a primeira mulher negra e do Norte do Brasil a ser escolhida para a presidência da entidade. Em 2016, Moara Saboia, também mulher negra, assumiu interinamente a presidência da organização.

Uma das principais lutas defendidas pela nova presidenta da UNE é a saída de Jair Bolsonaro da presidência do Brasil. Entretanto, Bruna Brelaz sabe que o impeachment não resolverá todos os problemas do país, uma vez que a crise gerada pelo atual governo impactará todos os setores nos próximos anos, principalmente o da educação. Ela, que teve acesso à universidade como cotista, dentro das políticas públicas de inclusão que mudaram a cara do ensino superior na última década, acredita que esse legado está sob risco.

“Gritamos Fora Bolsonaro, sobretudo, para interromper o processo violento de destruição das universidades, das escolas, do sistema educacional no país. A gente precisa reverter o corte de quase R$2 bilhões no orçamento da educação, a política desumana do teto de gastos, os ataques à autonomia universitária. Tem estudante que está passando fome, desempregado e a evasão do ensino superior é uma grande realidade”, afirma. Hoje, em seu segundo curso de graduação, estudante de uma faculdade particular em São Paulo, ela se diz apreensiva também com a situação dessa parcela de alunos e alunas universitários que não têm garantias das instituições sobre as condições de retorno das aulas, ensino à distância precário e não contam com nenhuma forma de regulamentação ou diretriz por parte do governo federal.

Para enfrentar a grave conjuntura, a presidenta da UNE acredita no protagonismo da juventude popular e periférica nas linhas de frente contra o bolsonarismo. Além da oposição nas ruas, ela destaca também a importância da articulação política com um amplo leque de forças democráticas e partidos para garantir a vitória não somente no impeachment de Jair Bolsonaro, mas em um novo pacto nacional para conter os efeitos da crise que foi plantada.

Manauara, estudante de Direito e com 26 anos, Bruna Brelaz foi eleita presidenta da UNE no Congresso Extraordinário da UNE, realizado no último dia 18, que indicou em caráter excepcional pelos próximos 12 meses a nova diretoria da entidade. Devido à pandemia e a impossibilidade de realizar um evento que chega a reunir 10 mil estudantes, a UNE indicou a nova diretoria respeitando a proporcionalidade eleita na votação do seu 57º Conune, realizado em 2019. A nova composição terá duração de um ano, podendo ser estendida.

Fonte: UNE, com edição do Sinpro-DF