Movimentos da Educação e terceirizados realizam “trancaço” no MEC

A Educação no Distrito Federal começou uma quarta-feira (29) movimentada e com muita luta. Nesse segundo dia da Jornada de Lutas em Defesa da Democracia e Garantia dos Empregos, Direitos e Conquistas promovida pela CUT Brasília e com todas as escolas públicas paralisadas, educadores, trabalhadores terceirizados, movimentos da Educação e sindicatos de vários estados tomaram o MEC em um ato na defesa da democracia e contra o desmonte do ministério comandado por um ministro investigado pela Lava Jato.
WhatsApp-Image-20160629 (4)Os vários cortes em importantes programas educacionais, além das centenas de demissões realizadas entre contratados e terceirizados, sem falar da falta de perspectiva do cumprimento de metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE) e a ameaça da aprovação de novas leis que sucateiam a Educação e o funcionalismo público, traçam um triste cenário para o ensino no país.
Rosilene Corrêa, diretora do Sinpro-DF, da CNTE e da CUT Brasília, defende que o momento requer urgência. “Precisamos reagir imediatamente para evitar que o dano seja maior, porque nós já estamos sofrendo sérias perdas. Na Educação, sofreremos prejuízos imediatos, mas também aqueles a médio e longo prazos que trarão retrocessos irreparáveis a toda a sociedade. especialmente os trabalhadores”.
WhatsApp-Image-20160629Além da multidão que bloqueia a entrada do MEC, muitos dos manifestantes se instalaram dentro do órgão, ocupando o saguão de entrada. “Estamos aqui para alertar a população brasileira dos sérios riscos contra a Educação”, completa Rosilene.
O ato convocado pela CNTE e o Sinpro-DF conta com o apoio de diversas entidades sindicais de Brasília e caravanas vindas de outros estados não param de chegar.
“Esse é um momento de unidade”, explica Ribamar Barroso, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), que veio do Pará para participar da manifestação. “Não são só os empregos que estão em risco, mas, a educação como um todo, seja no campo, na cidade, a educação indígena, a quilombola… O desmanche é geral. Por isso viemos dos quatro cantos do país para dizer que não aceitamos o golpismo”, afirma.
Edmilson Lamparina, secretário nacional de Funcionários/as da Educação da CNTE e diretor do SAE-DF, está desde o início da manhã, com um grande grupo de educadores, dentro do Ministério da Educação e conta que o “barulho” já surtiu efeito. “Vieram nos perguntar qual seria nossa pauta de reivindicação e em coro respondemos ‘fora Temer’. Não queremos negociar, não conversamos com governo golpista e não reconhecemos esse ministro”.
WhatsApp-Image-20160629 (11)Entre os terceirizados que prestam serviços ao MEC, a demissão já chega a 50% do pessoal. “A luta não é só dos professores. Muitos trabalhadores, como o pessoal da limpeza e conservação, ascensoristas, brigadistas, e outros de apoio, foram prejudicados com a demissão em massa. Dos 120 vigilantes, 62 foram colocados de aviso prévio, muitos faltando poucos meses para a aposentadoria”, lamenta Florismar Vilarindo de Araújo, secretário de Política Social do Sindesv-DF.
O “trancaço” e a ocupação do Ministério da Educação durarão o dia inteiro e a resistência e oposição ao golpe continuará ganhando as ruas. “Hoje, tomamos o MEC, mas outras ações já estão sendo articuladas para não darmos sossego ao golpismo. Nós, trabalhadores e trabalhadoras, não descansaremos enquanto não for restituída a democracia”, finaliza Rodrigo Rodrigues, professor e secretário geral da CUT Brasília.
Truculência e prisão
cedad429cce9e7f398d3ed29541d8ccbO professor de matemática Fernando Lima Santos foi preso enquanto pregava uma faixa no 6º andar do prédio do MEC ao lado de outros dois trabalhadores. Também entre os agredidos estava o professor Arnaldo Araújo, da Apeoep, ferido por uma tesoura pelos seguranças do ministério. Segundo os manifestantes, a ação foi comandada pelo secretário Executivo Adjunto do MEC, Felipe Sartori Sigollo.
Apesar da truculência, a ocupação do MEC continuou. Por volta das 12h, cerca de 80 pessoas estavam dentro do ministério. Por causa dos incidentes do 6º andar, passaram a usar máscaras para a eventualidade de uso de bombas de gás pela polícia. Outras 500 bloqueiam a entrada do prédio para alertar o povo brasileiro sobre os ataques do golpista Michel Temer à educação com políticas de arrocho e sucateamento.
Com informações da CUT Brasília