Movimento contra golpe se expande por todo DF

Nos próximos dias, serão criados comitês em defesa da democracia em todas as cidades do Distrito Federal. Os responsáveis pela coordenação dos grupos serão os sindicatos CUTistas, em conjunto com organizações dos movimentos social, estudantil, religioso e político, que tentarão esclarecer à sociedade o que está por trás da abertura do processo de impeachment contra a presidenta da República Dilma Rousseff. A decisão de expandir a mobilização de combate ao golpe, disseminando o profundo retrocesso  político e econômico que um possível impeachment trará ao país e, em especial, à classe trabalhadora, foi tomada nesta segunda-feira (7), em reunião da direção executiva da CUT.
Para o secretário de Formação da Fetec-CUT/Centro-Norte, Jacy Afonso, a principal dificuldade dos movimentos contra o impeachment de Dilma é “o diálogo com a sociedade”. O dirigente sindical, que fez análise de conjuntura na reunião da direção distrital da CUT Brasília, que lotou o auditório Adelino Cassis nesta segunda-feira, afirmou que as medidas econômicas tomadas pelo atual governo, avessas aos interesses da classe trabalhadora, dificultam o processo de diálogo entre movimentos sindical/social e a sociedade. “Como eu discuto com um milhão de pessoas que perderam o emprego neste ano, devido à política Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda), sobre a importância da luta pela manutenção da democracia?”, questiona.
Jacy Afonso ainda lembra que a direita tem como fiel aliada a grande imprensa, que aborda a questão do impeachment sob o prisma dos interesses da elite econômica e social, dos grandes empresários, ruralistas, fundamentalistas em geral, cujos representantes ocupam a maioria das cadeiras no Congresso Nacional. Dessa forma, a culpa de todos os problemas do Brasil é desatrelada da história do País e do contexto internacional, sendo falsamente atribuída à presidenta Dilma. Segundo o dirigente bancário, “o que está acontecendo no Brasil não é algo circunstancial, mas uma estratégia produzida pelos capitalistas e pela direita que se incomodaram com a ascensão da classe trabalhadora”. “O que está em jogo são os interesses econômicos”, diz.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), também participou da reunião da direção executiva da CUT Brasília nesta segunda (7) e corroborou a ideia de que o atual desafio dos movimentos de esquerda e dos trabalhadores é “a disputa de narrativa”. “Temos que enfrentar o processo de impeachment desmascarando-o. Democracia é um princípio que precisa ser preservado, e este princípio vem sendo vilipendiado no País. A base política que apoia o impeachment ilegítimo é a mesma que é a favor do PL 4330 (da escravidão), que quer retirar as terras do povo indígena. E os veículos de comunicação, que constroem a percepção de nossas vidas, dizem, todos os dias, que nossa vida está ruim, atribuindo isso única e exclusivamente à presidenta Dilma”, reflete a parlamentar.
IMG-20151207-WA0015Para comprovar que a abertura do processo de impeachment contra Dilma foi um jogo oportunista do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a petista Erika Kokay lembra que o pedido só foi aceito após o PT negar apoio à Cunha no Conselho de Ética da Câmara, onde está para ser aberto um processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista, acusado de manter vultosas contas secretas na Suíça. Erika avalia que a luta em defesa da no mandato presidencial conferido democraticamente pelo povo nas urnas deve ser paralela à luta pela retirada de Cunha da presidência da Câmara, que, na sua opinião, vem realizando, de forma escusa, uma pauta de retrocesso para o Brasil. “Nossa fala deve ser Fica Dilma e Fora Cunha”, provoca Kokay.
Para a integrante da direção da UNE, que representa os estudantes do Brasil, Pamela Kenne, “a juventude vai às ruas contra o golpe, mas não deixará de cobrar que uma outra política seja adotada pelo governo da Dilma”. “Da mesma forma que não aceitamos o impeachment, não aceitamos que essa política contra a classe trabalhadora seja continuada”, afirma. Ela informa que, nesta terça-feira (8), jovens realizarão a ação Natal sem Cunha, com concentração às 11h, na Rodoviária do Plano Piloto.
Durante as falações dos participantes da reunião da direção estadual da CUT, ainda foi citado que, após a entrada de Lula na presidência da República, seguido por Dilma Rousseff, o movimento sindical se “acomodou” e “deixou de lado a politização” da base e da sociedade. “Não temos outra opção a não ser irmos para as ruas e mostrarmos nossa cara”, convoca a dirigente do Sinpro (Sindicato dos Professores), Rosilene Correa.
Também participaram da reunião desta segunda-feira (7) a Frente Nacional de Luta – FNL dos sem terra, o Movimento de Pequenos Agricultores – MPA, a Juventude do PT e o presidente do partido no DF, Roberto Policarpo, além de dirigentes sindicais de vários sindicatos filiados à CUT, do campo e da cidade, do setor público e privado, do DF e do entorno.