Morre de câncer a escritora Lya Luft

A diretoria colegiada do Sinpro-DF lamenta a morte da escritora Lya Luft, aos 83 anos, na manhã desta quinta-feira (30), em sua casa em Porto Alegre (RS). Em maio, a autora da obra Pensar É Transgredir foi diagnosticada com um melanoma, tipo agressivo de câncer de pele. Considerada uma das mais importantes autoras da literatura brasileira contemporânea, ela escreveu mais de 31 títulos, entre romances, poemas, contos, crônicas, ensaios, infantil e um livro de memórias.

 

De descendência alemã, ela nasceu em 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul.  A escritora deixa o marido, Vicente de Britto Pereira, e os filhos Suzana e Eduardo. Ela também tinha sete netos. Segundo levantamento da imprensa, a doença já havia produzido metástase e, na semana passada, dia 21/12, ela foi liberada para ficar em casa com a família.

 

Em 2020, ela lançou As Coisas Humanas, um compêndio com reflexões sobre a morte de seu filho André (1966-2017). André Luft faleceu de parada cardiorrespiratória, em 2/11/2017, aos 51 anos, enquanto surfava na Praia do Moçambique, em Florianópolis.

 

Em 1963, com 25 anos, Lya Luft se casou com Celso Pedro Luft, um ex-irmão marista, 19 anos mais velho do que ela. Ele abandonou a batina para se casar com ela. Conheceram-se durante uma prova de vestibular para a qual ela chegara atrasada. O casal teve três filhos: Susana (1965), André (1966-2017) e Eduardo (1969).

 

Em 1985, Celso e Lya se separaram, e ela passou a viver com o psicanalista e também escritor Hélio Pellegrino, falecido em 1988. Participou da efervescente vida literária carioca nos anos 1990. Em 1992, Celso e Lya voltaram a casar. Ele morreu em dezembro de 1995, após 2 anos de enfermidade.

 

Em 1964, ela estreou na ficção com a obra Canções de Limiar. A partir daí publicou mais de trinta livros e traduziu para o português clássicos estrangeiros, como obras de Hermann Hesse, Rainer Maria Rilke e Virgínia Woolf.

 

Considerada uma das maiores escritoras brasileiras do século 20, a autora deixa uma obra poética que influenciou contemporâneas e os aspirantes da nova geração literária do País. Com sua prosa potente, elogiada pela imortal Nélida Piñon.

 

Na imprensa, ela publicou em diversos veículos, crônicas e artigos sobre literatura e sociedade, tendo destaque, em 2020, quando declarou que se arrependeu do voto em Jair Bolsonaro (PL). Em 2013, levou o prêmio da Academia Brasileira de Letras na categoria Ficção, Romance, Teatro e Conto, por O Tigre na Sombra. Em 1996, recebeu o prêmio de ficção da Associação Paulista dos Críticos de Arte, um dos mais importantes do País. Trechos de sua obra viralizaram nas redes sociais, sendo muitos deles verídicos, outros falsamente atribuídos à escritora, que teve best-sellers como Perdas e Ganhos (2003). Ela era publicada pela editora Record, que confirmou a perda.