Miragaya, candidato do PT, promete pagar os reajustes dos professores e demais servidores

Com 60 anos, o economista Júlio Miragaya se coloca à disposição do Distrito Federal para mudar a lógica da gestão econômica privatista em curso e, com isso, superar a crise econômica artificial criada para se criar um ambiente de privatização e mercantilização de direitos sociais.
Ele promete retomar o desenvolvimento do DF e oferecer os serviços públicos e gratuitos de qualidade. Garantiu o pagamento dos reajustes dos professores e orientadores educacionais e dos demais servidores públicos suspensos, em 2015, pelo atual governo. Disse que irá reverter o processo de privatização da saúde e fortalecer o SUS. Vai construir novas escolas e creches entre outros estímulos ao desenvolvimento do DF.
Foi isso que Júlio Miragaya prometeu durante a Sabatina do Metrópoles com Candidatos ao GDF, na tarde desta segunda-feira (20). Nascido no Rio de Janeiro, ele disse que reside em Brasília desde 1991. Mestre em gestão territorial e doutor em desenvolvimento econômico sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), ele criticou a política econômica exageradamente fiscalista do governo Rollemberg. Declarou que, se for eleito, irá modificar todo o projeto do governo do PSB e recuperar o desenvolvimento do Distrito Federal.
Além de presidente da Codeplan, ele também foi presidente do Conselho Federal de Economia, por dois mandatos, uma entidade que representa 250 mil economistas brasileiros . Respondeu às perguntas de sindicatos de servidores do GDF e bancários, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de jornalistas do portal e internautas. O evento teve transmissão ao vivo, em todas as redes sociais do Metrópoles: Facebook, Twitter e YouTube. O Sinpro-DF participou do debate com perguntas aos candidatos.
Arrocho salarial e funcionalismo 
Indagado sobre a política de arrocho salarial desenvolvida pelo governo Rollemberg, ele disse que irá desfazer tudo o que o PSB fez no GDFos últimos 3 anos. Assegurou o pagamento dos direitos do funcionalismo público contidos nos planos de carreira não pagos por Rodrigo Rollemberg, como a terceira parcela do aumento concedido pelo governo anterior, petista.
Disse que irá pagar a terceira parcela do reajuste a 32 categorias do funcionalismo local, atrasada desde 2015: “Vai ser de imediato”. De acordo com o candidato, o dinheiro virá do aumento da arrecadação, que ocorrerá com o crescimento da produtividade dos servidores públicos. Disse, ainda, que vai criar frentes de trabalho com 30 mil vagas para reduzir o desemprego em seis meses de governo. “O serviço público é vital para mover a economia do DF. Esse recurso vai entrar na roda da economia. Isso vai dar condições para que o governo cumpra seus compromissos, pois vai aumentar a arrecadação”, explicou Miragaya.
Ao ser perguntado sobre se é verdade o discurso de Rollemberg de que recebeu o GDF com um déficit bilionário, o que o impossibilitou de realizar suas promessas, especialmente o pagamento da terceira parcela do aumento concedido pelo governo petista, Miragaya criticou o governador e disse que “até até hoje ele tem justificado uma série de deficiências do seu governo, alegando ter recebido o que ele chama de herança maldita do governo anterior. Na verdade, essa afirmação não encontra mais nenhuma credibilidade. Algumas questões a que ele faz referência, como a Folha de Pagamentos do mês de dezembro, geralmente, em todos os governos, a folha de dezembro é paga em janeiro. Isso não deve ser contabilizado como déficit deixado pelo governo anterior”, diz.
“Já está mais do que provado que ele recebeu R$ 1,25 bilhão. Evidentemente, a maior parte vinculada a alguma despesa, mas não é o número que ele apresentou ao assumir o governo. Isso tem sido utilizado pelo governador para justificar o não cumprimento de uma série de acordos que havia sido firmada no governo anterior do PT e alguns acordos que ele tinha se comprometido a cumprir e que não cumpriu”.
Miragaya disse também que “esse é o argumento do governo que se guia tão-somente pela via excessivamente fiscalista, que não confronta o argumento do governo federal, mas que vira as costas para uma coisa que é muito importante para a população do DF e de qualquer cidade que é a manutenção dos serviços públicos de qualidade para a população”.
Sobre a paridade dos policiais civis com os salários pagos pela Polícia Federal, o petista confirmou a intenção de conceder o reajuste. Mas explicou que precisa de um cronograma para a realização do pagamento. “Tem candidato prometendo que fará isso no primeiro dia de governo, mas não será possível. Não queremos para a Brasília o que ocorreu no Rio de Janeiro”, pontuou, em referência ao atraso de salários. Assegurou que estará aberto ao diálogo com os servidores, o que será feito diretamente pelo seu gabinete. Para ele, todas as propostas são factíveis, desde que haja “boa gestão” dos recursos públicos.Ele prometeu abrir 30 mil empregos em frentes de trabalho
Deterioração dos serviços públicos
“O que a gente tem visto é que ocorreu uma deterioração desses serviços públicos. Na área de saúde isso tem sido implacável. A gente observa a cada momento o abandono da saúde pública aqui no DF e que o Brasil precisa que é o Sistema Único de Saúde, que é o maior sistema público de saúde do planeta. Não existe nada equivalente ao SUS e aqui em Brasília o que a gente observa é isso, o abandono do serviço público de saúde, o abandono do diálogo com os servidores públicos da saúde, como também não há diálogo com as outras categorias do serviço público”, disse.
Equilíbrio das contas do DF
O candidato do PT assegura que é possível pagar tudo e desenvolver o DF. “Volto a dizer: essa visão excessivamente fiscalista se guia por uma lógica que é a mesma do governo federal. Em economia a gente aprende umas coisas logo nos primeiros períodos do curso: Quando se fica num período de depressão econômica , não se deve adotar uma linha fiscalista porque a gestão acaba acentuando ainda mais a depressão da economia. Assim, quando o governo Rollemberg adota uma linha de jogar isso nas costas dos servidores públicos, mediante arrocho salarial, surge o ônus que o próprio governo cria e gera o que a gente chama, na economia, de círculo vicioso porque todos nós sabemos que os servidores públicos respondem, no âmbito federal e distrital, o que já foi 58% da massa salarial. Hoje está em 53%. Isso é vital para mover a economia do DF”.
Ele explicou que, quando se coloca dinheiro no bolso do servidor, ou seja, quando o GDF cumpre os acordos e remunera devidamente o servidor, esses recursos entram na roda da economia e isso faz com que a arrecadação do próprio estado aumente, o que cria as condições para que o governo cumpra seus compromissos. Rollemberg faz exatamente o contrário. Ele faz o arrocho e isso, evidentemenrte, impacta demais a economia, notadamente, o comércio e os serviços, que têm sido extremamente prejudicados por essa política excessivamente fiscalista e que não resolve nada porque leva apenas a população a não ter as suas necessidades atendidas por uma série de deficiências e não é por uma questão que ele alega de não colaboração do servidor público, e sim por falta objetiva de cumprir aquela função do servidor público que é prestar um bom serviço à população.
Saúde
Miragaya disse que, no campo da saúde, durante o governo anterior, do PT, foram ampliados 6.900 na área de saúde. No governo Rollemberg, houve uma queda de 2.900 servidores. “É obvio que isso impacta no atendimento à população”, disse. A prova disso é o desmonte da saúde mental do Distrito Federal. Na sua pergunta, o Sindsaúde informou que, durante o governo Rollemberg, a saúde mental sofreu um grande retrocesso no DF com o fechamento de serviços de saúde mental, o desmonte da unidade de psiquiatria do Hospital de Base, além do abandono do Hospital São Vicente de Paula.
Miragaya disse que o seu projeto de governo para pacientes com transtornos mentais no DF é, justamente, restabelecer a rede de atendimento de saúde mental existente. “O colega se refere à questão de saúde mental, mas a gente observa isso em uma série de outros atendimentos prestados aqui. Não há mais especialistas no DF, praticamente, foi desarticulada toda uma rede de atendimento às diversas especialidades. A gente vê problemas nas equipes que fazem o Saúde em Família. A gente observa que as equipes estão absolutamente incompletas. Se tem um determinado atendimento, falta outro. Houve uma desestruturação dos atendimentos na saúde pública do DF”.
Ele diz que, primeiramente, irá fortalecer o SUS porque Rollemberg caminhou no sentido contrário. “Ele caminhou no sentido de criar as condições para a privatização. Começou. A cabeça de ponte é o Hospital de Base. Por um acaso estive ontem no Hospital de Base. Uma militante do PT que esteve aqui na quarta-feira (15) para o ato pelo registro do Lula sofreu um acidente. Caiu de uma altura de 3 metros e teve uma fratura exposta no braço. Está internada desde quarta-feira e não há previsão de quando ela possa operar. Ela está sendo transferida para São Paulo porque Brasília não tem mais esse tipo de atendimento”, denunciou.
Ele destacou que esse tipo de situação têm ocorrido corriqueiramente no Hospital de Base. “O governador Rollemberg apresenta o Hospital de Base sob a gestão privada como um atendimento de primeiro mundo, mas basta qualquer um aqui em Brasília entrar no hospital para ver que aquilo ali está muito longe de ser um atendimento de primeiro mundo. O que ocorre é um processo de desestruturação da saúde, de enfraquecimento do SUS no DF para justificar um processo de privatização do serviço público de saúde”.
Instituto Hospital de Base
Miragaya disse que, para resolver o problema da saúde, além de retomar os investimentos públicos no SUS, irá extinguir o Instituto Hospital de Base e irá fazer com que ele volte a ser público e com bom serviço para a população. Ele diz que o IHB só serve para obscurecer a gestão do hospital.
Educação e outros investimentos na capital do país
Ao ser indagado pelo Sinpro-DF como pretende recuperar investimentos em áreas estratégicas, como educação, saúde, segurança; recuperar a capacidade de renda do funcionalismo e gerar novos empregos, o candidato petista anunciou que, se eleito, vai construir 50 novas creches e continuar o investimento em educação feito pelo governo petista e suspenso pelo governo Rollemberg e que e irá modificar a lógica implantada por Rollemberg no DF porque a capital do país “tem uma dependência muito forte de recursos da União e gera uma receita própria de forma insuficiente”.
“Isso tem que ver com a estrutura econômica do DF muito pouco diversificada. Não é uma responsabilidade desse tipo de governo, foi construída ao longo do tempo na cidade.Por isso, temos de construir alguma economia aqui nesta cidade em relação a essas transferências do governo federal para que possa efetivamente ampliar o atendimento nos serviços públicos”, explicou.
Ele diz que “o problema é que a estratégia adotada por este governo é absolutamente inócua porque o governador Rollemberg de, tardiamente, o DF ter entrado na guerra fiscal. Quando ele anunciou a equalização com os demais estados em termos de incentivo fiscal. Isso é uma questão absolutamente ultrapassada na economia. Primeiro que essa questão da guerra fiscal, incentivo fiscal, é algo que onera o Tesouro público. É uma coisa abominável do ponto de vista econômico porque é sangrar o dinheiro público”.
Corrupção
Questionado sobre o fato de o ex-governador Agnelo Queiroz estar sendo investigado no âmbito da Operação Panatenaico, que apura superfaturamento de R$ 900 milhões na obra do Estádio Mané Garrincha e pagamento de propina, Miragaya criticou o denuncismo e mostrou, com vários exemplos, que esse tipo de denuncismo irresponsável está relacionado com a criminalização da política e das esquerdas. Mostrou também que esse tipo de ação, um denuncismo infundado, sem apuração, tem que ver com o mercado financeiro, que quer estabelecer o pensamento único no Brasil. Questionado pelos apresentadores da sabatina sobre o PT sair sozinho ou isolado para o GDF, Miragaya disse que o partido não está isolado e que não há nenhuma contradição do governo do PT em tentar um novo mandato. “Foi um governo muito superior ao que está aí”.
Emprego e desenvolvimento
Miragaya prometeu criar 30 mil postos de trabalho para reduzir o desemprego no DF. Além disso, pretende criar o salário mínimo regional no DF, baseado nos cálculos do Dieese. Ele ressaltou que não vai dar incentivos fiscais a empresas porque, antes, é preciso garantir infraestrutura: “Não adianta igualar condições com outros estados em termos fiscais se eles nos superam anos-luz. A sinalização é acabar com incentivos fiscais. Se não tem condições de ter infraestrutura, você não consegue atrair investimentos”.
Cronograma das sabatinas
20/8 – segunda-feira
15h30 – Ibaneis Rocha (MDB)
19h – Alexandre Guerra (Novo)
20h30 – Fátima Sousa (PSol)
21/8 – terça-feira
9h – Eliana Pedrosa (Pros)
10h30 – Rodrigo Rollemberg (PSB)
14h – Antônio Guillen (PSTU)
15h30 – Paulo Chagas (PRP)
19h – Rogério Rosso (PSD)