Ministério da Educação estuda propostas para alterar o currículo do ensino médio
Para tentar adaptar o currículo das escolas às necessidades dos alunos, o Ministério da Educação estuda um novo modelo de ensino, em que as atuais 13 disciplinas serão distribuídas em apenas 4 grandes áreas: ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. Para a diretora de currículos e educação integral do Ministério da Educação, Jaqueline Moll, a mudança no ensino médio deve ajudar o processo de aprendizagem. “Hoje nós temos um exercício muito grande de memorização dos estudantes, isso acaba tendo poucos resultados na capacidade de resolver problemas, de construir conhecimentos. O esforço é de ressignificar o currículo, fazendo com que o saber aprendido na escola tenha sentido na vida deles. Ajude a compreender o mundo em que estão inseridos. Ajude a se autocompreender no mundo”. “O currículo deve ser reflexivo e crítico, tem que fazer sentido para a vida cotidiana dos alunos”, acrescenta o diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), Rodrigo Rodrigues.
Na Câmara, uma comissão especial estuda os novos modelos de ensino médio possíveis para o País. O objetivo é propor um projeto de lei sobre o assunto.
Habilidades – Outra proposta sugerida por especialistas é a diferenciação do currículo escolar de acordo com as habilidades e preferências dos estudantes, nos moldes do que ocorre em outros países, como a França. Na prática, os alunos poderiam escolher disciplinas específicas em que focariam seus estudos, sempre tendo em vista seus interesses pessoais e a profissão que pretendem seguir. A intenção não é retirar conteúdos, explica Remi Castioni, professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília. “A formação terá que abranger todos os componentes curriculares, inclusive matemática, física, química e biologia, mas em algumas [disciplinas] haverá ênfase maior.” “Alunos que têm interesse em humanidades, em literatura, em história, por exemplo, não vão deixar de fazer uma ou outra disciplina de matemática. Eles, no entanto, vão fazer muito mais cursos de história, de literatura, de história do pensamento. Não é uma exclusão, é uma ênfase em certas áreas”, explica o especialista em Educação e doutor em economia Claudio de Moura Castro.
“Nós precisamos tornar o ensino médio atrativo para os jovens, buscar conteúdos disciplinares que possam se organizar em torno de projetos [pessoais]”, resume Castioni.
Evasão – As propostas são muitas, mas o único consenso é que o currículo atual não atende às necessidades dos estudantes nem do País, que perde a cada dia com os altos índices de evasão escolar no ensino médio. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostra que 40% dos jovens de 15 a 17 anos que não estão na escola hoje saíram das salas de aula porque simplesmente não têm interesse em continuar os estudos. “Em muitos lugares há alunos sem ensino médio e vagas sobrando. Isso porque a escola não diz nada para o aluno, não representa possibilidade de mudança de vida ou de continuidade na escolarização”, critica a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), integrante da comissão especial que estuda mudanças no ensino médio.
O coordenador da Frente Parlamentar da Educação, deputado Alex Canziani (PTB-PR), também alerta para a necessidade de mudanças. “Nós temos que discutir qual ensino médio queremos para o Brasil, que oportunidades queremos que nossos jovens tenham, porque infelizmente o modelo que adotamos hoje não tem sido exitoso”.
Com informações da Câmara dos Deputados