Milton Ribeiro é preso por tráfico de influência

A Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, nesta quarta-feira (22/6), em Santos (SP). O mandado de prisão cita crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa, prevaricação e tráfico de influência. A operação “Acesso Pago” investiga tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC).

O mandado de prisão foi expedido pelo juiz federal Renato Borelli, da 9ª Vara do Distrito Federal, e determina que Ribeiro seja trazido para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Há outros 13 mandados de busca e apreensão e mais 4 mandados de prisão emitidos no âmbito da mesma operação “Acesso Pago”, distribuídos pelos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. Há também medidas cautelares, como a proibição de contatos entre investigados e envolvidos.

Quando o escândalo do Bolsolão do MEC estourou, o presidente Jair Bolsonaro chegou a declarar: “ponho minha cara no fogo pelo Milton Ribeiro”. Hoje, as redes sociais perguntam o quanto a cara de Bolsonaro está queimada.

 

O Bolsolão do MEC

O escândalo de corrupção envolvendo dois pastores evangélicos que não exercem cargos oficiais no Ministério da Educação, mas são base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi confirmado por 10 prefeitos: houve pedido de propina para a liberação de verbas do MEC para suas cidades.

Os prefeitos acusaram os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos de operarem um esquema no MEC para facilitar a liberação de recursos no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A denúncia veio à tona com a divulgação de uma gravação em que o próprio ministro da Educação admite que o presidente Bolsonaro pediu que ele liberasse verbas intermediadas pelos pastores.

Diante desses fatos, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, autorizou a abertura de inquérito pedido pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar o envolvimento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, com os pastores

O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse ver indícios dos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Ele ainda precisa dizer se Bolsonaro também será investigado.

Os prefeitos que admitiram ter recebido pedidos de propina feitos pelos religiosos foram: Gilberto Braga – Luis Domingues (MA); Kelton Pinheiro – Bonfinópolis (GO) e José Manoel de Souza – Boa Esperança do Sul (SP).

Os que admitiram que só chegaram ao MEC por meio dos pastores são: Nilson Caffer – Guarani D’Oeste (SP); Adelícia Moura – Israelândia (GO); Laerte Dourado – Jaupaci (GO); Doutor Sato – Jandira (SP); Fabiano Moreti – Ijaci (MG); André Kozan – Dracena (SP) e Edmario de Castro Barbosa – Ceres (GO). A informação foi divulgada pelo jornal Estadão, o primeiro a divulgar o escândalo.

Segundo o jornal, além do pedido de um quilo de ouro feito ao prefeito Gilberto Braga, de Luis Domingues (MA), o prefeito de Bonfinópolis (GO), Professor Kelton Pinheiro (Cidadania), contou que chegou a receber uma oferta de desconto no valor da propina: “(Arilton) falou: ‘vou lhe fazer por R$ 15 mil porque você foi indicado pelo pastor Gilmar, que é meu amigo. Pros outros aqui, o que eu estou cobrando aqui é R$ 30 mil’.” O valor da contrapartida também incluía compra de bíblias patrocinadas pelo pastor. 

O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), também disse ter sido abordado pelo pastor Arilton com proposta de propina. “Ele disse: Eu falo lá, já faz um ofício, mas você tem que fazer um depósito de R$ 40 mil para ajudar a igreja”.

“A educação tem sido agredida de muitas formas neste caos que é o governo Bolsonaro: desde a Emenda Constitucional 95, passando por congelamentos de verbas e salários. Até questão de ICMS afeta a educação neste governo, já que a redução desse imposto deve ser subsidiada com verbas oriundas da educação. A prisão de Ribeiro só demonstra q o MEC, neste governo, nuca foi fonte de soluções e de verbas, mas de problemas e de fuga de recursos. O Brasil não aguenta mais sustentar a irresponsabilidade e a inconsequência de Jair Bolsonaro”, disse o diretor do Sinpro Cláudio Antunes.