Mesmo com inclusão em grupo prioritário, categoria deve fortalecer luta pela vacinação contra covid-19, afirma CNTE

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira (2/3), que trabalhadores da educação de todo Brasil terão prioridade na vacinação contra a covid-19. Entretanto, a afirmação vem sem o respaldo de um calendário que indique as datas específicas para a imunização da categoria.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, afirma que a inserção dos trabalhadores da educação no grupo prioritário de vacinação contra a covid-19 é uma conquista da categoria, mas que a luta deve ser reforçada até que a imunização seja de fato garantida.

“Eles nos colocaram no grupo prioritário, mas ainda não tem data marcada (para a imunização). E o que nós queremos é uma definição de período. Será em março? Qual o período exato? Isso nós perguntamos ao Ministério da Saúde e eles disseram que não era possível definir uma data. Por isso continuamos na luta”, afirma Araújo.

No Distrito Federal, a luta da categoria do magistério público já havia garantido que esses trabalhadores tivessem prioridade na imunização contra o coronavírus. Entretanto, para a diretora do Sinpro-DF e da CNTE Rosilene Corrêa, a garantia dessa prioridade em nível nacional mostra a unidade e a força desses trabalhadores.

“Essa não é uma benesse do governo Bolsonaro. Aliás, esse mesmo governo chegou a retirar os trabalhadores da educação do grupo prioritário de vacinação. Esse ato lúcido do governo federal, uma coisa rara, é resultado da nossa luta nacional em defesa da vacina e da vida. Não imunizar trabalhadores da educação é condenar toda uma sociedade ao risco da morte”, diz Rosilene Corrêa.

Ela lembra que, só nas escolas públicas do DF, circulam cerca de 500 mil pessoas por dia, e que a urgência da vacinação da categoria é evidente. “Desde o início da pandemia, nossa categoria vem alertando para o risco de contaminação da covid-19 nas salas de aula. Só nas escolas públicas do DF circulam cerca de meio milhão de pessoas por dia. Fora o contato indireto, realizado com familiares, transporte público e outros. É por isso que as aulas presenciais sem vacina são, no mínimo, uma irresponsabilidade”, afirma.

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O posicionamento da dirigente sindical é reconhecido pelo próprio Ministério da Saúde. Em nota informativa publicada no último dia 19 de fevereiro, a Secretaria de Vigilância em Saúde falou que escolas e universidades são potenciais na exposição à infecção por covid-19. “Entendendo que o ambiente de escolas e universidades são potenciais na exposição à infecção pela covid-19, e, principalmente no ensino básico, esses profissionais possuem contato com muitos alunos simultaneamente, é de extrema relevância a vacinação dos trabalhadores da educação”, cita trecho do documento.

Como estratégia para garantir a vacinação contra a Covid-19, o presidente da CNTE afirma que é necessário fortalecer a Campanha Nacional em Defesa da Vida e dos Serviços Públicos, lançada dia 4 de fevereiro, no Conselho Nacional de Entidades da CNTE.

A campanha tem três eixos prioritários. O primeiro aborda a necessidade da vacinação dos trabalhadores para o retorno presencial às atividades, com testagem em massa, rastreamento e demais medidas de Segurança Sanitária. O segundo eixo defende a manutenção do Auxílio Emergencial. O último eixo reivindica o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A justificativa é de que “o governo federal não está priorizando a educação e vem negligenciando a saúde pública, colocando milhares de vidas em risco, além de promover o desmonte de serviços públicos essenciais para a população”.

A campanha ainda apresenta um calendário de ações, que vai até dezembro deste ano (veja aqui). “A ideia é que em cada atividade indicada no nosso calendário de lutas reforcemos os eixos da nossa campanha em defesa da vida e dos serviços públicos”, diz Heleno Araújo.