Brasil tem formado menos professores(as)

O Brasil tem formado menos professores em diversas áreas, de 2016 em relação a 2022. A conclusão é de pesquisa realizada pelo Instituto Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior), com dados do Censo do Ensino Superior. O estudo foi apresentado em matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo no último sábado, 15 de outubro, dia do professor e da professora.

Os dados mostram que licenciaturas em biologia, química, geografia, ciências sociais, educação física, filosofia, letras e história tiveram menos formados em 2020 do que em 2016 (veja quadro abaixo). Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que o magistério é cada vez menos atraente para os jovens que saem do ensino médio, e a principal razão para isso é a corrente desvalorização da carreira, especialmente nos últimos anos.

Do jornal Folha de S. Paulo

 

A CNTE e os sindicatos de professores de todo o país vêm alertando para esse risco há muito tempo. Como a própria reportagem da Folha mostra, o estado de São Paulo, o mais rico da federação e com a maior rede pública de ensino, não conseguiu contratar profissionais em número suficiente para os chamados itinerários formativos do novo ensino médio.

Novo ensino médio que também compõe a realidade atual de sucateamento da escola pública e precarização da carreira de professores e professoras. A não obrigatoriedade de disciplinas como biologia, história e geografia certamente é um item importante do desestímulo dos jovens para seguir a carreira do magistério.

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A carência de profissionais dessas áreas afetará justamente os estudantes do ensino médio e dos anos finais do ensino fundamental. A pesquisa do Semesp aponta que os cursos com maior redução de formados foram biologia (com diminuição de 24,8% de formados no período), química (-19,9%), geografia (-19,7%), ciências sociais (-18,9%) e educação física (-18,2%). Além desses, filosofia (-13,5%), letras (-12,3%) e história (-9,2%) também sofreram diminuição no número de formados no período. Os únicos cursos com pequeno aumento foram matemática (aumento de 1,8%), artes visuais (2%) e física (9,2%).

“A baixa remuneração faz com os jovens não tenham o magistério como uma opção profissional”, comenta Cláudio Antunes, coordenador da Secretaria de Políticas Educacionais do Sinpro. “Então, os cursos apontados pela pesquisa acabam sendo menos procurados e também apresentando maiores índices de evasão”, pontua ele.