Duas crianças menores de 5 anos morrem de covid-19 por dia no Brasil

Levantamento feito pelo Observatório de Saúde na Infância – Observa Infância, que reúne pesquisadores da Fiocruz e do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase) – aponta que, em média, duas crianças menores de 5 anos de idade morreram por dia no Brasil desde o início da pandemia da covid-19. Ao todo, 1.439 crianças nessa faixa etária morreram em decorrência da doença entre 2020 e 2022 no país.

Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Em 2020, foram registradas 599 mortes de crianças com até cinco anos em consequência da doença. Em 2021, o número de vítimas infantis da covid-19 saltou para 840. Entre janeiro e 13 de junho de 2022, foram 291 óbitos nessa faixa etária.

Por isso, é urgente e fundamental que se inicie a vacinação de crianças de menos de 5 anos. Diversos países já vacinam crianças nessa faixa etária. Nos EUA, por exemplo, o processo de imunização começou na semana passada. “É preciso celeridade para levar a proteção das vacinas a bebês e crianças, especialmente de 6 meses a 3 anos. A cada dia que passamos sem vacina para menores de 5 anos, o Brasil perde 2 crianças”, aponta a professora e epidemiologista Patricia Boccolini, da Faculdade de Medicina de Petrópolis, da Unifase.

Vacinas salvam

Enquanto as mortes e os casos graves de pacientes de covid-19 caíram em todas as faixas etárias desde o início da vacinação, esse número se manteve estável entre crianças até 4 anos, que não foram incluídas na campanha de imunização.

Em dezembro de 2020, pessoas com mais de 80 anos representavam 28,6% das mortes por covid-19. Em abril de 2021, três meses após o início da vacinação, esse número já tinha caído para menos da metade.

No primeiro semestre de 2021, quando a vacinação ainda estava bem no início, a taxa de letalidade foi de 3,13% da população. A taxa de mortalidade chegou a 154,40 casos para cada 100 mil habitantes. Até 14 de fevereiro deste ano, dados do Ministério da Saúde registraram uma letalidade de 0,13% da população, 24 vezes menor, e uma taxa de mortalidade de 2,84 casos para cada 100 mil habitantes, 54 vezes menor.

No DF, a Secretaria de Saúde (SES-DF) também tem números que demonstram o risco que a população não vacinada está correndo. Dados da SES mostram que a chance de morrer de covid-19 no DF é 33 vezes maior entre as pessoas não-vacinadas ou com o ciclo vacinal incompleto que para aquelas que estão imunizadas pela vacina.

Crianças de até 5 anos de idade são o segmento mais desprotegido da população. Enquanto o vírus estiver em circulação, elas estarão sob risco se não forem incluídas na campanha de vacinação.

E as escolas?

No DF, em meio a uma nova onda de contaminações que levou o índice de transmissibilidade do novo coronavírus a 1,80 – o maior desde janeiro -, o GDF desobrigou o uso de máscaras de proteção em locais fechados ou aglomerados, e relaxou a exigência do cumprimento das medidas de prevenção. Nas escolas, o resultado disso é dramático.

Em salas de aula superlotadas e mal ventiladas, onde os estudantes não estão obrigados(as) a utilizar as máscaras, o contágio cresce absurdamente, e as escolas registraram números exorbitantes de profissionais de Educação, crianças e adolescentes doentes.

Para interromper esse número assustador de duas mortes diárias de crianças de até 5 anos em decorrência da covid-19, é necessário proteger essas crianças com a vacina e com a manutenção das medidas que contribuem para a prevenção do contágio, como o uso de máscaras, a ventilação de ambientes, o distanciamento social e a correta higienização das mãos.