Manter a democracia é uma tarefa imprescindível

A defesa da democracia contra o golpe tem caráter estratégico e é um fator determinante

para o equilíbrio e uma transição mais rápida para a retomada do crescimento econômico

As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, e as sociedades democráticas devem se empenhar nos valores da tolerância, da cooperação e do compromisso. As democracias devem reconhecer que chegar a um consenso requer compromisso.
Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrático”. É o que, infelizmente, vemos hoje no Brasil.
Alguns pregam sem pudores o impeachment, instituto reservado para circunstâncias extremas – um instrumento criado para proteger a democracia. Por isso, ele não pode jamais ser utilizado para ameaçá-la ou enfraquecê-la – como querem alguns agora -, sob pena de incomensurável retrocesso político e institucional.
Esses que se apresentam como paladinos dos princípios republicanos e pregam o impeachment, são os mesmos que não aceitaram a derrota eleitoral pela quarta vez, fazendo uma aposta na agenda do “quanto pior melhor”. Isso criou sérios entraves para o país, sobretudo à luz da instabilidade, do ambiente hostil e da prevalência de uma agenda extremamente retrógrada.
Houve, sem dúvidas, pedaladas fiscais em governos anteriores, assim como tivemos inflação. O país passou por diversas crises ao longo dos últimos 30 anos. Umas maiores, outras menores. Mas seguiu em frente, sem que esses fatores fossem utilizados como desculpa para a abertura de um processo de impeachment contra uma presidente legitimada nas urnas. Principalmente porque não houve crime algum.
Vale lembrar que as tais pedaladas fiscais não se configuram desvio de dinheiro para o bolso de ninguém. Elas são recursos dos governos para ajustar o dinheiro público aos gastos necessários.
pedaladas_fiscais
Aécio Neves, por exemplo, é uma das cabeças por trás do pedido de impeachment, mas parece que todo mundo esqueceu que ele também fez pedaladas. Mais de R$ 9 Bi deixaram de ser aplicados no SUS, quando ele e Anastasia maquiaram os gastos no governo de Minas Gerais.
Se houver o impeachment e um governo PMDB/PSDB se colocar no Palácio do Planalto, o arrocho e todas as políticas de austeridade irão piorar em muito a vida de todos, principalmente do trabalhador, porque a proposta econômica desse agrupamento partidário é suprimir avanços trabalhistas, reduzir a presença do Estado nas políticas públicas, erradicar direitos conquistados, reformar a previdência de forma que o trabalhador perca o direito à aposentadoria, entre outros. Tudo isso para direcionar os recursos públicos ao chamado “ajuste fiscal”.
É inegável que vivemos uma crise, mas acreditamos que a melhor forma de a enfrentar é com o aprofundamento da democracia e da transparência, com respeito irrestrito à legalidade.
O Sinpro-DF sempre esteve na construção de um país democrático. E isso traz para a nossa categoria uma responsabilidade a mais que é a de esclarecer, diuturnamente, o que é um golpe de estado e a quem ele serve.
Afinal, o que está em jogo agora são a democracia, o Estado de Direito e a República, nada menos.