“Macarroa e a Muda” está em cartaz em escolas da rede pública de ensino

Nesta segunda-feira (25), o Centro de Ensino Fundamental nº 01 do Varjão (CEF 01 do Varjão) irá receber o espetáculo “Macarroa e a Muda”. A peça de teatro infantil, que apresenta uma concepção inovadora ao integrar recursos de acessibilidade em encenação inclusiva, será apresentada em outras escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal.

A peça está em cartaz desde o dia 8 de novembro, quando foi apresentada na Escola Bilíngue de Taguatinga com um ensaio aberto e bate-papo. No dia 11/11, foi apresentada no CAIC Santa Paulina, no Paranoá; em 13/11, na Escola Classe nº 15 de Ceilândia (EC 15 de Ceilândia). Após a apresentção no Varjão, o espetáculo será apresentado na EC 08 de Brazlândia no dia 27/11. A temporada será encerrada no dia 29/11, no Centro de Ensino Especial do Guará.

Teatro acessível e sem mediação

A busca de uma linguagem teatral acessível a crianças com deficiência visual ou auditiva é o principal motivo que levou Nara Faria, atriz e arte-educadora com licenciatura em artes cênicas pela Universidade de Brasília (UnB), com especialização em dança e consciência corporal, a criar a peça “Macarroa e a Muda”. No espetáculo, ela utiliza a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que se apresenta integrada à própria interpretação da palhaça Macarroa (Nara Faria), trazendo o foco do público com deficiência auditiva diretamente para a cena, sem a mediação do intérprete de Libras. Além disso, um grande livro pop-up, confeccionado artesanalmente pela atriz, confere ainda mais ênfase na percepção visual e imagética da narrativa.

Nara ministra aulas em teatro, circo e dança desde 1998 como profissional autônoma, e explica que, a perspectiva das crianças com deficiência visual também foi ponto central na criação. “A dramaturgia utiliza o recurso da audiodescrição por meio da narradora em off da história, Dona Voz (também interpretada por Nara Faria). Um libreto texturizado é disponibilizado para as crianças com deficiência visual, possibilitando a percepção tátil de imagens correspondentes às do livro pop-up. A trilha sonora original sensível de Marcello Linhos preenche a ambientação sonora, com a delicadeza da viola caipira”.

A atriz Nara Faria, responsável pela concepção geral da obra, explica outro aspecto que a motivou a criar a peça foi que, “após várias experiências atuando e assistindo peças com recursos de audiodescrição e Libras, me senti instigada a buscar uma encenação em que o público com deficiência pudesse mergulhar na obra em si, sem dividir a percepção entre a peça e sua tradução”. E completa: “E para o público infantil em geral é uma oportunidade riquíssima de entrar em contato com essas linguagens de forma sensível e divertida”. Ela narra que, durante as apresentações, as crianças ouvintes reproduzem os sinais da Libras. “Acredito que despertar a curiosidade é um caminho possível para que um maior número de pessoas se interesse em aprender Libras ou saber mais sobre acessibilidade”.

Macarroa e a Muda

Na história, a palhaça Macarroa está aborrecida por ser alvo de piadas por parte de seus amigos. Ao conversar com sua amiga Muda – uma planta – Macarroa deseja ser como ela para viver em paz. Seu desejo se realiza e ela se vê no lugar da amiga. Este inusitado exercício de empatia transforma sua visão do mundo e de si mesma. A peça proporciona uma reflexão sadia sobre as diferentes percepções de mundo, incluindo as das pessoas com deficiência.

O espetáculo convida o espectador ao questionamento sobre sua própria noção de normalidade, e nada mais coerente com a temática do que a figura do palhaço. “Desajustado por natureza, o palhaço é uma caricatura do ser humano: uma exacerbação de seus traços, sua sensibilidade e suas limitações. O palhaço nos permite tanto rir de nossa própria pequenez, nosso próprio ridículo, quanto nos comover com nossa potencial grandeza enquanto seres humanos”, reflete Nara. “A presença da personagem Muda, uma planta, destaca a necessidade de uma melhor relação do ser humano também com os seres de outras espécies, com o meio ambiente em si”. O espetáculo busca assim sensibilizar o público para o respeito à diversidade de forma ainda mais abrangente.

A montagem contou com a consultoria de Clarissa Barros e Tatiana Elizabeth, profissionais de acessibilidade cultural. O material gráfico, também acessível, apresenta banner tátil e programa da peça em linguagem mista (ilustração e Braille unidos). O diretor convidado, Zé Regino, comenta: “Este é sem dúvida um dos trabalhos mais desafiadores dos quais eu participei nos últimos tempos. Temos muito a caminhar para chegarmos a uma sociedade inclusiva. Tenho aprendido muito, e existe um universo a ser desbravado”.

“Macarroa e a Muda” estreou em novembro e segue em temporada gratuita nas escolas públicas do DF durante o mês, em Ceilândia, Brazlândia, Varjão, Guará e Paranoá. O projeto conta com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do DF. Com a direção de Zé Regino, trilha sonora original de Marcello Linhos, fotografia de Diego Bresani, consultoria em acessibilidade feita por Clarissa Barros e Tatiana Elizabeth e gestão da V4 Cultural, Nara, que é a autora do projeto informa que já estão abertas as inscrições para as escolas que quiserem participar desse projeto em 2025. Para agendamento, basta entrar em contato pelo e-mail contato.macarroa@gmail.com ou pelo telefone (61) 99241.2627 – Nara Faria. Instagram: @‌macarroaeamuda