Lançada Frente Parlamentar em Defesa das Refinarias da Petrobras

Para enfrentar os retrocessos da política de privatizações do governo, parlamentares e lideranças do movimento social e sindical se mobilizaram nessa quarta (20), em Brasília, para o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa das Refinarias da Petrobras e Contra a sua Privatização (FPDR). Composta por deputados dos partidos de esquerda, entre eles PT, PCdoB e PSB, a FPDR foi criada para unir forças com as Frentes Parlamentares Mistas em Defesa da Petrobras e em Defesa da Soberania Nacional.
“Nós temos um belo campo de trigo. Temos um moinho, uma padaria e toda a estrutura para fazer o nosso pão. Só que nós decidimos vender o trigo, sucatear nosso moinho, derrubar a padaria e começar a comprar o pão vindo de fora”, iniciou o deputado Bohn Gass (PT/RS) na abertura do ato. Com esse exemplo simples, o parlamentar ilustrou o que o ilegítimo Michel Temer e os demais golpistas pretendem fazer com o patrimônio brasileiro: vender a Petrobras a preço de banana e comprar de volta o combustível em dólar.
Gass citou ainda o decreto 9.355/2018 que ‘legaliza’ o Plano de Desinvestimento da estatal. “Na prática, a norma possibilita a destruição da Petrobras, pois permite a venda de empresas importantes e campos de petróleo valiosíssimos por qualquer preço e sem licitação”, denunciou.
Além do debate político, o economista do Dieese e assessor da FUP, Cloviomar Cararine, fez uma apresentação para explicar a relação direta entre a proposta da Petrobras de venda das refinarias, dutos e terminais com a política do governo Temer de escancarar para as empresas estrangeiras o mercado brasileiro de combustíveis, que é um dos mais importantes no mundo.
Segundo Cararine, é uma incoerência o que está sendo feito com a Petrobras. “Pois o consumo interno de derivados do petróleo está aumentando e o que o governo deveria fazer era construir novas refinarias e não vender as que já existem”, garantiu.
O técnico do Dieese advertiu que o Brasil está andando na contramão dos países ‘ditos’ desenvolvidos. “As estatais têm a função essencial no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Abdicar dessas empresas é abrir mão do desenvolvimento econômico e social do país”, alertou.
Em sua fala, o diretor da FUP e presidente do Sindipetro/Ba, Deyvid Bacelar, ressaltou a importância das ações políticas em defesa das estatais. “Com tudo isso que está acontecendo que é ruim para a Petrobras, para o povo, para o país, para os estados da nossa Federação e para os municípios, nós precisamos criar frentes em todo Brasil para que essa luta ganhe força. Não dá para esperar as eleições de 2018, porque a sanha desses entreguistas é tão grande que até lá, eles já terão esfacelado todo o patrimônio nacional”, disse o sindicalista.
Bacelar também enfatizou que o desmonte das refinarias é para beneficiar os  importadores de combustíveis e, como parte desse sucateamento, a gestão da Petrobras reduziu as cargas das refinarias, que estão produzindo com menos de 70% da capacidade. “Algumas unidades estão operando com metade de sua capacidade, como é o caso da RLAM, na Bahia. Enquanto isso, o país está sendo inundado por combustíveis importados, vindos principalmente dos Estados Unidos”, alertou.
O coordenador geral da FUP, Simão Zanardi Filho, convocou os parlamentares e os movimentos sociais e sindicais a somarem forças com os petroleiros nas mobilizações que a Federação e seus sindicatos farão ao longo do mês de julho, com atos em todas as quatro refinarias que estão em processo de venda.
Conforme a agenda de lutas da federação, na primeira semana do mês, a mobilização será na RLAM, na Bahia, com data ainda a ser confirmada entre os dias 2 e 4. Na semana seguinte, no dia 12, será a vez da REFAP, no Rio Grande do Sul. No Paraná, haverá atos na REPAR no dia 17, e na Abreu e Lima, em Pernambuco, a mobilização acontecerá no dia 26.
“Nossa greve não é para desabastecer o país, como está fazendo o governo Temer com essa política de desmonte que reduziu a carga das refinarias e elevou os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, obrigando milhões de brasileiros a voltarem a cozinhar com lenha e carvão. Nossa greve é para que as refinarias voltem a operar com carga máxima e a Petrobras possa voltar a cumprir a sua missão, que é abastecer o povo brasileiro, de norte a sul do país”, declarou o coordenador da FUP.
Fonte: CUT Brasília