Justiça pede afastamento de Sérgio Camargo da Fundação Palmares por assédio moral

Sérgio Camargo recebeu protestos desde a sua indicação ao cargo por Jair Bolsonaro – Reprodução/Facebook

 

Desde sua nomeação para a presidência da Fundação Palmares em 2019, Sérgio Camargo tem acumulado episódios de replicação de racismo, assédio moral e direta discordância com a causa negra no Brasil. Em 2020, foi gravado xingando Zumbi dos Palmares, afirmando que o líder quilombola era um “filho da p*** que escravizava pretos”.  “Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da p*** que escravizava pretos. Não tenho que apoiar Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra [Dia da] Consciência Negra”, afirmou Sérgio Camargo à época, durante uma reunião com servidores da fundação.

 

Não bastassem estes ataques, Camargo disse, antes de ser nomeado para o cargo, que racismo “real” existe nos Estados Unidos. “A negrada daqui [do Brasil] reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”, afirmou. Ele também postou, em agosto de 2019, que “a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes”. “Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África”, completava a publicação.

Após tudo isto, por determinação da Justiça, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, será afastado das atividades do cargo na instituição. Ele está proibido de fazer qualquer mudança na gestão de pessoas, seja para nomear ou exonerar os servidores. “Concedo parcialmente a tutela de urgência requerida para afastar o 2º réu tão-somente das atividades relativas à gestão de pessoas da 1ª ré”, diz a decisão do juiz Gustavo Carvalho Chehab, da 21ª Vara do Trabalho de Brasília divulgada nesta segunda-feira (11), pelo jornal Folha de S. Paulo.

Com isso, Camargo fica proibido de praticar atos como nomeação, cessão, transferência, remoção, afastamento, exoneração e aplicação de sanção disciplinar de servidores públicos, diz a decisão. 

A decisão foi motivada por uma ação do Ministério Público do Trabalho que pedia o afastamento de Camargo por denúncias de assédio moral a trabalhadores da instituição.

O MPT ouviu 16 profissionais desde março e os depoimentos mostram que Camargo estava tentando demitir ou impedir a renovação de contratos de trabalhos de funcionários que eram de “esquerda”. 

O juiz proibiu manifestações nas redes sociais contra os trabalhadores. “Proibição de —direta, indiretamente ou por terceiros— manifestação, comentário ou prática vexatória, de assédio, de cyberbullying, de perseguição, de intimidação, de humilhação, de constrangimento, de insinuações, de deboches, de piadas, de ironias, de ataques, de ofensa ou de ameaça”, diz Chehab .

O juiz pediu ainda que o Twitter forneça mensagens postadas desde novembro de 2019 nos perfis da Fundação Palmares e na conta pessoal de Camargo , incluindo as excluídas. 

Em caso de descumprimento da decisão da justiça, a multa é de R$ 5 mil reais por dia. 

Camargo já protagonizou uma série de polêmicas durante a sua gestão. Ele chegou a chamar o movimento negro de “escória maldita” formada por “vagabundos” e recebeu protestos desde a sua indicação ao cargo.  

Na decisão, o juiz determina que “tomem ciência dos fatos narrados” o Comitê de Ética da Presidência, a Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do DF e Territórios. 

Edição: Anelize Moreira

Fonte: Brasil de Fato

 
 

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