Por uma inclusão verdadeira: conheça o trabalho da Sala de Recursos do CEF 5 do Gama

Embora costumeiramente se pense no desenvolvimento pleno de uma sociedade como o avanço das suas tecnologias e a ampliação do seu conhecimento sobre o universo em que ela se insere, um indicador fundamental da evolução de uma sociedade é sua capacidade de incluir. Ao longo da história da humanidade, a luta para que as desigualdades sejam desnaturalizadas e combatidas fez avançar os padrões de civilização.

Foi a luta das pessoas com deficiência, por exemplo, que fortaleceu as políticas públicas para esse setor. Acessibilidade e visibilidade são condições para que as pessoas com deficiência – seja ela física, sensorial, intelectual, múltiplas – possam desfrutar do mundo tanto quanto as demais pessoas.

A inclusão é um pressuposto da civilidade e da democracia, e a educação cumpre um papel fundamental nisso. De um lado, é preciso garantir condições de aprendizagem adequadas para as pessoas com deficiência, de outro lado, a educação também tem o potencial de questionar os valores da desigualdade e da exclusão.

Por isso, o Sinpro costuma afirmar e reafirmar a importância de o GDF investir nas reformas que sejam necessárias nas escolas, na formação e na qualificação de profissionais da educação para atuar com esse setor, na nomeação de monitores e monitoras, em equipar as salas de recursos. E, sobretudo, valorizar os profissionais de educação, que se dedicam de corpo e alma a realizar bem seu trabalho, pelo bem dessas crianças e adolescentes e pelo bem da sociedade como um todo.

 

Experiências que orgulham o DF

A rede pública do DF tem profissionais qualificados(as) e dedicados(as), bem como experiências exitosas em educação especial e educação inclusiva. A sala de recursos do CEF-05 do Gama, por exemplo, é uma referência no DF no atendimento de estudantes com deficiência, TEA (transtorno do espectro autista) e altas habilidades.

A sala dispõe de ferramentas pedagógicas variadas e de um corpo docente que colhe as crianças e adolescentes e as acompanha no dia-a-dia da sala de aula. “É importante orientar o professor ou professora na adequação curricular e de material desses estudantes”, aponta o professor Anderson Guimarães. “A questão é atender demandas específicas. Portanto, não se trata de um trabalho sofisticado, mas sim, de um trabalho com foco”, completa ele.

Na sala de recursos, os materiais são fartos e diversos: instrumentos musicais, microscópios, jogos, objetos de interesse científico, uma horta e até uma impressora tridimensional. Os professores destacam a importância do trabalho dos monitores, do empenho da direção da escola e da aplicação da verba necessária. “Só é possível desenvolver um bom trabalho, no qual o aluno ou aluna tenha o atendimento adequado, com a disponibilização de verba para isso”, ressalta o professor Cosme André, que está readaptado e cuida com todo carinho da sala de recursos do CEF 05.

Falando em inserção na sociedade, a Feira de Ciências do CEF 05 desenvolveu uma atividade na qual os estudantes regulares experimentam sentir o mundo como seu colega que tem uma deficiência. A intenção é promover o hábito de se colocar no lugar do outro, e que os colegas entendam, com mais concretude, a importância da inclusão. “Criar um ambiente acolhedor na turma requer ações pedagógicas importantes que beneficiarão a todos”, afirma André.

 

Construir autonomia com acolhimento

Para a construção de um ambiente acolhedor, onde todos os estudantes sejam parceiros, comprometam-se com o projeto de inclusão, o trabalho do profissional de educação é decisivo. A experiência e o olhar atento ajuda, inclusive, a identificar estudantes que chegam à escola sem que os pais ou responsáveis saibas que ali há diagnóstico de TEA, por exemplo. Assim, a partir da escola, a família procura os profissionais de saúde apropriados para ter um laudo e melhor construir o caminho daquela criança ou adolescente.

“O que buscamos é a construção da autonomia dos estudantes com deficiência, TEA ou altas habilidades. Que vão para o ensino médio, para a universidade, para o mercado de trabalho”, diz o professor Anderson. “Se esses estudantes tiverem o atendimento adequado, vão desenvolver suas potencialidades e melhor se inserir na sociedade”, completa ele.

O CEF 05 tem experiências de sucesso para apresentar. Estudantes ali formados, atendidos pela sala de recursos, hoje ocupam seu lugar na UnB, em cursos como Engenharia, por exemplo. “Nosso trabalho pode fazer muita diferença na trajetória de tantas crianças e adolescentes com deficiência, TEA ou altas habilidades. Para termos sucesso, é preciso investimento do governo, é preciso recursos”, reafirma o professor André.

Os profissionais de educação dedicam suas vidas, seu tempo – inclusive fora do horário de trabalho – a contribuir para que seus estudantes realizem seu potencial e seus sonhos. O governo precisa fazer a parte dele.

 

Educar para a inclusão

Para a diretoria do Sinpro, é dever do Estado oferecer a alunos e alunas com deficiência as condições necessárias para que o processo de ensino-aprendizagem lhes esteja disponível sem contratempos. Para que isto ocorra, é necessário que toda a infraestrutura, física e humana, seja pensada para isso. São necessários, para além de uma estrutura arquitetônica amigável, profissionais para cuidar, atender e educar crianças e jovens com deficiência.

Esses profissionais devem ter formação adequada para atender a estudantes com deficiência, servidores(as) que sejam bem remunerados e que escolhem trabalhar com alunos com esse perfil porque assim o desejam – e não porque precisam. Também é importante que não estejam sobrecarregados de trabalho, e que a escola disponha de monitores, profissionais suficientes na coordenação, orientação educacional, e professores(as) suficientes em regência de classe.

>> Leia mais: NOTA DA DIRETORIA: GDF PRECISA CUIDAR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 

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