Imprensa noticia confusões causadas por “Novo” Ensino Médio
Matéria do portal Metrópoles aponta os obstáculos que as escolas vêm enfrentando com a implementação do Novo Ensino Médio, especialmente no que se refere ao sistema de escrituração. Essa preocupação já havia sido expressa por professores(as) e gestores(as) em Comissão Geral na Câmara Legislativa no dia 26 de maio, e é apenas um dos graves problemas do projeto.
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Conforme o Sinpro vem denunciando desde o início desse processo, o “novo” ensino médio não apenas não corresponde à ideia de inovação como reforça o sucateamento da educação pública, abrindo caminho para a consolidação de um projeto de privatização. A única saída possível é a revogação já.
Leia abaixo a matéria completa do Metrópoles:
Novo Ensino Médio: troca de sistema “bagunça” rotina em escolas do DF
Celimar de Meneses para o portal Metrópoles
Pais e professores de uma escola de ensino médio do DF se reuniram, na última segunda-feira (30/5), para discutir as notas dos alunos. Com o fim do primeiro bimestre, os responsáveis estavam ansiosos para acompanhar o rendimento dos filhos após a implementação do Novo Ensino Médio. O que as famílias dos alunos não esperavam, contudo, é que o colégio não apresentaria os boletins dos estudantes.
O anticlímax de uma reunião de pais e mestres sem boletim aconteceu no Centro de Ensino Médio (CEM) 3 do Gama. A falta de organização não é exclusiva desta unidade de ensino. Em 2022, diretores, coordenadores e professores do ensino médio reclamam que enfrentam um caos na educação pública do DF. A origem da bagunça, unânime: as instituições que atendem à última etapa da educação básica começaram o ano letivo sem um sistema de escrituração escolar.
Conforme explica o Manual da Secretaria Escolar, da Secretaria de Educação do DF, a escrituração é “o registro sistemático dos fatos e dados relativos à vida escolar do aluno e da instituição educacional”. É por meio dela que os centros de ensino organizam matrículas, diários de classe, atas de resultados finais, histórico escolar, decisões de conselhos de classe, entre outros documentos vitais para esse tipo de estabelecimento.
“É frustrante. Parece que é a escola que está enrolando, que está desorganizada, causa um atrito entre coordenação e professores”, lamentou a diretora do CEM 3 do Gama, a professora Rosilene Nóbrega. Na falta dos boletins, a diretora, constrangida, transformou a reunião de pais e mestres em um conselho de classe participativo. “Uni os professores, todas as turmas, e passamos aspectos gerais de rendimento”, relatou.
Para organizar a escrituração, o sistema público de ensino do Distrito Federal utiliza, desde fevereiro de 2014, o software I-Educar, adotado por 80 municípios em todo o país. Nas escolas de ensino médio, no entanto, não é mais possível usar o mesmo programa para a implementação das mudanças previstas pelo Novo Ensino Médio. A principal dificuldade é a organização das disciplinas eletivas, em que cada estudante selecionará matérias para compor 40% da carga horária.
A falta de organização do Novo Ensino Médio motivou uma audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em 26 de maio. Em sessão com os distritais, os professores demonstraram revolta em começar uma mudança de currículo importante como o Novo Ensino Médio sem uma ferramenta básica para a prática da docência. Segundo defendem os docentes, na falta de uma resposta rápida por parte do Executivo, cada escola está se virando de um jeito diferente.
Nesse contexto, o chefe de secretaria do CEM 1 de Sobradinho, Guilherme Gonçalves, afirma que o diretor da escola e um dos professores desenvolveram um sistema próprio de escrituração. “Podemos chegar num momento em que teremos três sistemas paralelos funcionando: o novo sistema que vai ser entregue pela secretaria, o desenvolvido por nós, e o I-Educar (um para cada série)”, ressaltou. No mesmo sentido, o CEM 3 do Gama pegou um aplicativo emprestado do Centro Educacional do Lago Norte (CedLan).
“A gente está sofrendo muito. Não tem direcionamento, não tem sistema entregue, a formação do novo sistema não chegou aos professores e não existe previsão para que chegue”, lamentou Guilherme. “Está sendo assim, cada escola dando seu jeito, umas ajudando as outras. É sobre-humano os professores terem que fazer a escrituração manualmente”, atestou Rosilene Nóbrega.
O que diz a Secretaria
A subsecretária de Educação Básica, Solange Foizer Silva, explicou que o novo sistema a ser implementado para a escrituração, o EducaDF Digital, foi cedido pela Secretaria de Educação de São Paulo. Segundo Solange, ao contrário do que é dito pelo professores, a formação para o uso do sistema já está em curso.
“Já foram formados os secretários e agora os professores estão sendo formados, com um registro totalmente fácil e autoexplicativo. É um sistema que roda para 3,6 milhões de alunos, com acesso de 180 mil pessoas, e ele não tem paradas bruscas”, defendeu a subsecretária na CLDF.
A reportagem questionou a Secretaria de Educação sobre o porquê de o sistema de escrituração ainda não estar disponível aos professores no mês de junho e qual a previsão para entrega. A pasta afirmou que a expectativa é liberar o software à comunidade escolar até o fim do semestre.
Veja a nota da Secretaria de Educação, na íntegra:
“A Secretaria de Educação do DF está com a plataforma EducaDF Digital em fase de implantação em todas as 94 escolas do Novo Ensino Médio. Secretários escolares e professores estão sendo treinados para trabalhar no novo sistema, que também trata da normatização dos registros escolares. Há previsão de que a parte de escrituração do sistema esteja em funcionamento até o fim do semestre.”
O Novo Ensino Médio
A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para mil horas anuais.
A nova matriz flexibiliza o currículo, e tem o objetivo de dar protagonismo aos estudantes, além de levar em conta as expectativas do discente em relação ao mercado de trabalho. Uma das principais alterações em comparação ao antigo sistema é a priorização de aulas práticas em detrimento das aulas expositivas.
Para isso, o Novo Ensino Médio criou os chamados itinerários formativos. Essas disciplinas práticas, que devem ser escolhidas por cada estudante, representam 40% da carga horária.
No Distrito Federal, o Novo Ensino Médio teve início em 2020, por meio de 12 escolas-piloto, e começou a ser aplicado em todos os colégios a partir deste ano, de forma progressiva, do seguinte modo:
2022 – Primeiros anos
2023 – Primeiros e segundos anos
2024 – Primeiros, segundos e terceiros anos
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